“Eu acho que a gente tem um cenário de muitos desafios, mas ao mesmo tempo, uma oportunidade grande de fortalecer a comunicação popular, principalmente por meio das parceiras entre os coletivos, temos hoje diversos coletivos como o coletivo Intervozes, do qual faço parte, que trabalha com a agenda da democratização da comunicação, mas a gente tem também diversos coletivos de comunicação popular e comunitária que estão trabalhando desde seus territórios”, comenta Olívia Bandeira, do Coletivo Intervozes.
Com uma população bombardeada de informações, hoje se torna cada vez mais difícil distinguir o que é verdadeiro ou falso, especialmente no campo digital. Sobre isso, o Coletivo Intervozes aposta na fiscalização de conglomerados de comunicação, na transparência dessas empresas sobre como controlam a distribuição do conteúdo que circula em suas redes, além do efetivo acompanhamento público.
“A gente tem uma oportunidade muito grande de fazer redes, de fortalecer essa comunicação popular e comunitária para poder enfrentar o poder dos grandes conglomerados de comunicação, para poder enfrentar também as grandes plataformas digitais com seus algoritmos e poder furar essas bolhas e fazer a informação circular”, complementa Bandeira.
O Movimento Sem Terra também tem feito parte das discussões, enquanto um dos movimentos que investe esforços na formação de comunicadores populares ao longo dos seus quase 40 anos e se reinventa frente aos novos desafios.
“Nós estamos falando de uma comunicação que pensa a linguagem, que pensa a forma e que pensa o conteúdo, mas para além disso se posiciona enquanto instrumento que informa, forma e organiza. Então a comunicação possui um conjunto de potencialidades e para isso é necessário construir processos de formação, processos de envolvimento do conjunto da militância na construção dessa comunicação”, aponta o jornalista e comunicador popular do movimento, Wesley Lima.
No final de 2023, o MST realizou sua I Escola Nacional de Comunicação Popular, formando 30 pessoas de diversas regiões do país, que voltaram aos seus territórios com a missão de replicar o aprendizado.
Para o MST, a Comunicação Popular em todo o país segue o desafio de dialogar com outras iniciativas, formando uma grande rede em defesa da democracia e da pluralidade de vozes.
“Hoje não tem como a gente pensar a comunicação na relação com a sociedade de maneira isolada. Precisamos pensar a comunicação atuando com um conjunto de parceiros, aliados e amigos que comungam dos mesmos processos de luta que a gente tem construído”, finaliza Wesley.