Por Gabriela Amorim
Edição Alfredo Portugal
Indígenas que presenciaram o ataque de ruralistas na tarde deste domingo (21), em Potiguará (BA), afirmam que houve conivência da Polícia Militar (PM). De acordo com lideranças Pataxó Hãhãhãe, a PM estava presente no local do conflito, mas permaneceu distante dos fazendeiros armados e não impediu que fossem feitos os disparos que atingiram Maria de Fátima Muniz Pataxó, a Nega, que faleceu no local, e o cacique Nailton Pataxó, que se encontra internado no Hospital de Itapetinga (BA).
Questionada pelo Brasil de Fato sobre a acusação, a PM afirmou, por meio de nota, que, ao chegarem ao local, encontraram duas pessoas baleadas que foram encaminhadas para atendimento médico.
“Na tarde de domingo (21), policiais da 8ª CIPM e da Cipe Sudoeste intervieram em um confronto entre fazendeiros e indígenas em uma propriedade rural em Itapetinga. No local, os PMs encontraram duas pessoas atingidas por disparos de arma de fogo e que foram conduzidas a uma unidade de saúde. Uma delas não resistiu aos ferimentos. Um homem, atingido no braço por uma flecha, também foi socorrido”, diz a nota.
Lideranças indígenas contestam e afirmam que a PM participou, inclusive, do fechamento de estradas junto com os fazendeiros durante o conflito. Indígenas presentes no local afirmaram ainda que, fingindo realizar uma mediação, a polícia teria possibilitado a passagem dos fazendeiros até o local onde aconteceram os disparos.
A nota da PM afirmou que foram realizadas buscas na região, sendo presos dois homens portanto revólveres. O material apreendido e os homens detidos foram apresentados à Polícia Civil, que autuou os dois fazendeiros por homicídio e tentativa de homicídio.
“Posteriormente, chegou ao conhecimento da PM que deram entrada no hospital outras seis pessoas com ferimentos provenientes do embate. O policiamento na região segue sendo realizado com intuito de prevenir novos confrontos”, diz a nota.
O governador Jerônimo Rodrigues informou, por meio da Secretaria de Comunicação da Bahia, que realizou uma reunião na noite de domingo (21) com parte do secretariado e comandantes de forças de segurança para tratar do assunto. De acordo com o texto, a reunião foi realizada para monitoramento e alinhamento da atuação dos órgãos estaduais envolvidos na resolução do confronto.
Jerônimo pontuou a atuação das forças de segurança na região e se solidarizou com a morte da liderança indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade. “Meus sentimentos e solidariedade à família e a toda comunidade indígena da Bahia e do Brasil. É inaceitável qualquer tipo de violência, contra qualquer comunidade. E quero afirmar o rigor na apuração e na punição dos culpados”, declarou o governador.
O encontro teve participação dos secretários estaduais da Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas; da Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais, Ângela Guimarães; de Comunicação, André Curvelo; do chefe de Gabinete do Governador, Adolfo Loyola; do subsecretário de Segurança Pública, Marcel Oliveira; da delegada-geral, Heloísa Brito; e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho. Além de participação por vídeo conferência da secretária da Saúde, Roberta Santana; do secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner; e da superintendente de Políticas para os Povos Indígenas, Patrícia Pataxó.