O Programa de Formação Cultural Arte para Todos, de Joinville, com apoio da Federação das APAEs de Santa Catarina, inicia na próxima terça-feira (15) uma série de oficinas gratuitas para profissionais que trabalham ou desejam trabalhar com a inclusão social de pessoas com deficiência por meio do teatro.
O projeto “Oficinas de Teatro Inclusivo” tem como objetivo compartilhar o método e o conhecimento reunido em 10 anos de existência do Arte para Todos. O programa utiliza a arte como ferramenta de inclusão e inserção social de crianças, adolescentes e adultos com deficiência e transtorno mental.
As oficinas serão conduzidas pelo ator e professor de teatro Robson Benta, proponente do projeto. Serão quatro encontros em formato on-line, nos dias 15, 17, 22 e 24 de março, sempre das 19h às 22h. Cada uma das oficinas tem 50 vagas disponíveis. Os interessados não precisam necessariamente participar de todas elas. É possível escolher apenas uma, de acordo com o interesse e a disponibilidade de cada um.
“As práticas em arte inclusiva ainda são um campo de estudo pouco explorado e com poucas oportunidades de formação disponíveis. Por isso a importância de encontros e trocas como essas para compartilharmos conhecimentos que podem impactar a vida de muitas pessoas”, afirma Robson Benta.
As oficinas são destinadas a profissionais de teatro e demais artes, terapeutas ocupacionais e outros profissionais de saúde e educação ou qualquer pessoa que tenha interesse em atuar e desenvolver práticas inclusivas em seu ambiente de trabalho. As inscrições devem ser feitas pelo site www.robsonbenta.art.br.
O projeto foi selecionado pelo Edital Aldir Blanc 2021, executado com recursos do Governo Federal e Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura.
Temáticas abordadas nas Oficinas de Teatro Inclusivo
Cada oficina é focada em dois dos princípios do Programa Arte para Todos e trabalha com diferentes aspectos do desenvolvimento humano, como a criatividade e os relacionamentos. Em todas elas serão apresentados os princípios metodológicos, dinâmicas de reconhecimento e empatia, jogos teatrais e um momento final para compartilhar reflexões.
As temáticas de cada oficina são as seguintes:
Oficina 1: 15 de março, das 19h às 22h
Princípio da Autocapacidade: Você pode, você é capaz.
Princípio da Criatividade: Arte, expressão e comunicação.
Oficina 2: 17 de março, das 19h às 22h
Princípio da Autonomia: Iniciativa, tomada de decisão.
Princípio do Protagonismo: Somos agentes da nossa história.
Oficina 3: 22 de março, das 19h às 22h
Princípio da Diversidade: Identificação e respeito às diferenças.
Princípio dos Relacionamentos: Desafios nas relações sociais.
Oficina 4: 24 de março, das 19h às 22h
Princípio da Visibilidade: Estar presente, ver e ser visto.
Princípio do Pertencimento: Espírito de grupo, eu no coletivo.
Todas as oficinas são gratuitas, em formato online e possuem certificado de participação.
O teatro como promotor de inclusão social
A metodologia desenvolvida no Programa de Formação Cultural Arte para Todos une teorias do teatro, conceitos de dramaturgia e técnicas de jogos teatrais a diretrizes pedagógicas.
Todas as atividades são propostas de maneira lúdica, de forma a estimular a criatividade de cada aluno, respeitando o tempo individual de cada um. O método do Arte para Todos se utiliza muito de feedbacks positivos para estimular a autoconfiança e a liberdade de expressão artística.
Por meio deles se reconhece e estimula a capacidade e as potencialidades de cada pessoa em executar as atividades propostas. “A experiência do teatro em grupo proporciona confiança, parceria e respeito. Com o passar do tempo e a repetição das atividades, o teatro possibilita o desenvolvimento de cada pessoa em vários aspectos, como autonomia, memorização, capacidade de solução de problemas e também em sua condição neuropsicomotora”, explica o ator e professor Robson Benta.
Ao longo desses 10 anos, a metodologia do Programa Arte para Todos comprova que com as práticas artísticas é possível trabalhar a elaboração e manifestação das emoções humanas, tão importantes para a saúde psíquica e social do indivíduo. Soma-se a isso, o encorajamento para execução de atividades sociais, para inserção no mercado de trabalho, na área cultural e em outros setores.
Sobre o Programa Arte para Todos
O Programa de Formação Cultural Arte para Todos foi criado em 2012 pelo Instituto de
Pesquisa da Arte pelo Movimento – IMPAR, de Joinville, e tem como objetivo promover a formação, inclusão e inserção social de crianças, adolescentes e adultos com deficiência (surdos, cegos, com deficiência física ou intelectual), com transtorno mental e outras características.
Atualmente, o programa trabalha com oficinas de teatro e artes visuais destinadas às pessoas atendidas por dois serviços da Secretaria Municipal de Saúde de Joinville: o Núcleo de Atenção Integral à Pessoa com Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro do Autismo (Naipe DI/TEA) e o Serviços Organizados de Inclusão Social (SOIS).
O programa também mantém dois grupos de teatro. O mais antigo deles é o Grupo de Teatro Arte para Todos, criado em 2012 e formado inicialmente por ex-alunos do Laboratório de Teatro do NAIPE. Nos últimos anos, passou a ter integrantes com e sem deficiência. Já o grupo Louco é Pouco é composto por artistas com transtorno mental, participantes da Oficina de Teatro do SOIS, desde o ano passado. Além desses, o Grupo de Teatro Libração, formado por atores surdos e ouvintes, também é associado ao programa.
Além das pessoas diretamente envolvidas nas formações, o Arte para Todos atua na sensibilização e capacitação das famílias e na promoção de discussões sobre inclusão na sociedade. Ao longo dos 10 anos, o programa realizou quase 200 atividades em teatro, dança, música e artes visuais e impactou diretamente mais de 18 mil pessoas.
Sobre o IMPAR
O Instituto de Pesquisa Arte pelo Movimento (IMPAR) é uma associação cultural privada, de utilidade pública municipal e estadual, sem fins lucrativos, que atua nas áreas de pesquisa, produção, formação, publicações e eventos. Fundado em Joinville em 2011, é mantido por meio de prestação de serviços culturais, patrocínios, editais, doações e voluntariado.
Leia mais:
“Nos negam uma casa digna para dormir com a família e estudar”, diz estudante indígena
