Por Roberto Antonio Liebgott, para Desacato. info.
Hoje, no dia que se homenageiam as mães, lembramos daquelas mães e pais que choram a dor da violência covarde contra suas filhas e filhos.
Lembramos a dor dos filhos e filhas que viram seus pais e mães sofrerem e morrerem por conta da omissão e negligência no enfrentamento a pandemia.
Hoje lembramos da Mãe Celestial que na outra vida possível, na eternidade, acompanha a tudo, intercede e também chora – assim como chorou e se prostrou diante de seu filho injustiçado e crucificado – ao ver que a humanidade se desumaniza e devasta as vidas e a existência de todos os seres, tanto nas formas físicas como nas espirituais.
Lembramos hoje do choro da Mãe Terra tratada como coisa e considerada mera mercadoria.
Lembramos a Mãe que chora diante de chacinas, massacres, devastação. Segundo a imprensa, no Brasil foram praticadas pelo menos 500 chacinas – com mais de três vítimas em cada uma delas – de 2015 a 2021, em geral os mortos são jovens e adolescentes negros.
Lembramos da Mãe Terra no Brasil que chora a dor da destruição dos seus recursos ambientais, aqueles que ela gestou, germinou, fez brotar e que geraram as sementes e os frutos que alimentam o planeta.
Lembramos que na Amazônia, atualmente, cortam-se mais de um milhão de árvores por dia e com as derrubadas das árvores aniquilam-se o bioma e todo o ecossistema.
Este Dia das Mães é de lágrimas de dor e reflexão. Não há o que comemorar.
Agora devemos chorar a dor, indignar-se com a brutalidade e revoltar-se diante do genocídio e do ecocídio.
Que a Mãe Terra, a Mãe de Deus, a Mãe Deus nos dê forças, esperanças, coragem e vitalidade para enfrentarmos e combatermos o sistema de devastação e morte imposto a nossa geração, não aquelas do passado nem as que virão no futuro, mas a de agora.
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Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
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