O amor nos tempos do covid. Por Rosangela Bion de Assis

Foto: pexels

Por Rosangela Bion de Assis.

Foram separados depois da contaminação

Afastados corpos, pratos, bocas, pés

pra preservar a vida

que não era preservada na cidade tomada pela ganância

 

Foram dias demasiadamente silenciosos

Os gritos dos grevistas não alcançavam a casa isolada

Ninguém se aproximava.

Distante teu olhar me examinava,

Distante ficava o alimento sem cor.

Enquanto na Lagoa, o reservatório arrebentava indiferença sobre pessoas, animais e flores

Até que se alcançaram

Busca e consolo no corpo do outro

Explodiram na casa isolada

Cansaço de tanto prazer provocado, sem medo do vírus

No covid, como na greve, há que saber quando avançar e quando recuar.

Rosangela Bion de Assis é jornalista, poetisa e presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.

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