Por Rosangela Bion de Assis.
Foram separados depois da contaminação
Afastados corpos, pratos, bocas, pés
pra preservar a vida
que não era preservada na cidade tomada pela ganância
Foram dias demasiadamente silenciosos
Os gritos dos grevistas não alcançavam a casa isolada
Ninguém se aproximava.
Distante teu olhar me examinava,
Distante ficava o alimento sem cor.
Enquanto na Lagoa, o reservatório arrebentava indiferença sobre pessoas, animais e flores
Até que se alcançaram
Busca e consolo no corpo do outro
Explodiram na casa isolada
Cansaço de tanto prazer provocado, sem medo do vírus
No covid, como na greve, há que saber quando avançar e quando recuar.
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Rosangela Bion de Assis é jornalista, poetisa e presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul.