Após mobilização, atingidos garantem participação em audiência sobre Brumadinho

Deputados solicitam que o MPE impeça o acordo entre a Vale e o estado de Minas, pois não teve anuência do legislativo

Os atingidos, organizados pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), amanheceram a quinta-feira ocupando a sede administrativa da Vale, em Brumadinho – Créditos da foto: Midia NINJA

A última quinta-feira (22) foi de luta e denúncia em Minas Gerais. A mineradora Vale e o poder público mineiro realizaram a primeira audiência – de duas previstas para quinta e sexta-feiras desta semana – para fazer um acordo sobre o valor da indenização a ser paga pelos danos do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), mas deixaram de fora os principais interessados: a população atingida pelo crime ambiental.

Após mobilização dos atingidos, organizados pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), o Ministério Público Federal informou que não participaria das audiências, e deputados pediram a intervenção do Ministério Público Estadual.

Com a pressão, o segundo dia da audiência, previsto para esta sexta, foi adiado para 17 de novembro e terá a participação organizada dos atingidos pelo crime. Sem chegar a um pacto na quinta, a Vale deve apresentar uma contraproposta até o dia 3 de novembro, em relação ao valor requisitado pelo poder público.

Além disso, o auxílio emergencial será pago por mais um mês, e o tema será discutido novamente na próxima data. A mineradora propõe acabar imediatamente com o auxílio para parte dos atingidos e até abril de 2021 para os demais.

Mobilizações

Os atingidos amanheceram a quinta-feira (22) ocupando a sede administrativa da Vale, em Brumadinho. O maior motivo da manifestação foi a audiência ser realizada a “portas fechadas”, na 2ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias, em Belo Horizonte, sem a participação de representantes dos atingidos.

O ato surtiu efeito no Ministério Público Federal. Através de uma petição, o MPF afirmou que não iria participar das audiências, que seria presencial em 22 de outubro e virtual em 23 de outubro. “Considerando que ambas as audiências de conciliação mencionadas têm por objeto temas que envolvem direitos da população atingida, a quem a participação – seja presencial, seja virtualmente – não foi até o momento autorizada, o MPF (…) considera que não deve comparecer a tais atos processuais”, afirma o documento.

Os atingidos conseguiram também o apoio de deputados. Beatriz Cerqueira (PT), deputada estadual, e Rogério Correia (PT), deputado federal, enviaram um documento ao Procurador Geral de Justiça Antônio Sérgio Tonet, requerendo que o Ministério Público Estadual interviesse na audiência.

Os parlamentares afirmam que “a lei orçamentária não autoriza a disponibilização pelo Poder Executivo de valores advindos de demandas judiciais em que o Estado é parte, sem que haja prévia previsão e autorização legislativa”.

No ofício, os deputados pedem “com urgência a intervenção do Ministério Público Estadual, no exercício da sua atribuição constitucional de fiscal da lei, devido a conduta anunciada pelo Poder Executivo em flagrante prejuízo ao direito coletivo do povo mineiro, especialmente às pessoas atingidas direta e indiretamente pelos ilícitos ocasionados pelos crimes ambientais em barragens de responsabilidade do grupo econômico da mineradora Vale”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.