FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema!

Valorizando narrativas dirigidas por mulheres e a equidade de gênero na indústria cinematográ?ca brasileira e mundial, a Casa Redonda e a Associação Cultural Kinoforum realizam a 1ª edição do FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema, de 04 a 11 de julho, no CineSesc e Espaço Itaú Augusta, em São Paulo.

“A sigla FIM não surge por acaso. Queremos o fim da sub-representatividade feminina no cinema e outras janelas de exibição. Celebrar obras inspiradoras e a presença de mulheres na direção de longas-metragens traz diversidade de narrativas ao público e nos leva para longe dos estereótipos tão comuns no cinema majoritariamente masculino”, afirma Minom Pinho, idealizadora do evento e diretora da Casa Redonda. Para Zita Carvalhosa, correalizadora do FIM e coordenadora executiva da Kinoforum, “o Festival estimula o começo de um novo ciclo e a ampliação dos espaços para mulheres de múltiplas etnias, origens e visões”.

O mercado audiovisual é um dos que mais crescem no Brasil, cerca de 9% ao ano, movimentando quase R$ 25 bilhões, segundo a Agência Nacional do Cinema. Contudo, a presença feminina no segmento ainda é mínima. Dos 2583 títulos registrados na Ancine em 2016, 17% foram dirigidos por mulheres. Entre os filmes de longa-metragem voltados às salas de cinema, a participação de diretoras foi ainda menor, apenas 15%.

Com curadoria de Beth Sá Freire, Juliana Vicente e Andrea Cals, a programação é dividida em três partes: mostras competitivas de longas-metragens dirigidos exclusivamente por mulheres, programas especiais que celebram a presença feminina por trás das câmeras e nas telas, e também ações de formação.

Mostras Competitivas

A Mostra Competitiva Nacional reúne seis longas-metragens brasileiros exclusivamente dirigidos por mulheres e realizados nos últimos 18 meses, que foram selecionados por meio de inscrição no site do FIM.

Baronesa, de Juliana Antunes, é um docudrama sobre duas vizinhas em meio aos perigos de uma guerra do tráfico na periferia de Belo Horizonte que tem conquistado plateias pela força de sua construção narrativa e prêmios em diversos festivais, como o de Tiradentes e Mar Del Plata (Argentina), em 2017.

Única ficção na competição nacional, Como é Cruel Viver Assim, de Julia Rezende, apresenta um quarteto de amigos que planeja sequestrar um milionário, mas que não tem nenhuma experiência na vida do crime.

Quatro documentários completam a lista: em Desarquivando Alice Gonzaga, de Betse de Paula, a história do cinema brasileiro é revisitada por Alice Gonzaga, filha de Adhemar Gonzaga, que fundou o primeiro estúdio de cinema no país em 1930; O Chalé é uma Ilha Batida de Vento e Chuva, de Letícia Simões, homenageia o romancista paraense Dalcídio Jurandir, que dividiu seu tempo entre escrever e navegar pelo Rio Tapajós para trabalhar como inspetor de escola; O Desmonte do Monte, filme de estreia de Sinai Sganzerla, aborda a história do Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, que foi destruído apesar de sua importância histórica e arquitetônica; já SLAM: Voz de Levante, de Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D’Alva, retrata os campeonatos performáticos de poesia falada, acompanhando a poetisa negra e feminista Luz Ribeiro, campeã brasileira de 2016, até a Copa do Mundo da modalidade em Paris.

A Mostra Competitiva Internacional traz seis longas estrangeiros que foram indicados pela curadoria, tendo apenas mulheres na direção e realização nos últimos 18 meses.

Entre eles, está o japonês Esplendor, de Naomi Kawase, sobre uma jovem que trabalha fazendo versões cinematográficas destinadas a de?cientes visuais e um fotógrafo que está perdendo a sua visão, que foi vencedor do Prêmio do Júri Ecumênico do Festival de Cannes em 2017. Também premiado no ano passado em Cannes, com o Caméra d’Or da Mostra Certain Regard, o francês Jovem Mulher, de Léonor Serraille, confirma o potencial explosivo da atriz Laetitia Dosch, interpretando uma personagem que, após o fim de um relacionamento de 10 anos, decide recomeçar a vida em Paris. Já o mexicano Tesoros, de María Novaro, exibido na Berlinale em 2017, ressalta a importância de se cuidar do meio-ambiente, contando a história de um grupo de crianças que acreditam poder encontrar um tesouro escondido por um pirata na costa de Guerrero há quatro séculos.

O público votará ao final de cada sessão para eleger o longa favorito em cada mostra. As diretoras dos dois filmes vencedores receberão um prêmio de R$ 15 mil cada.

Mostras Especiais

O programa Lute Como uma Mulher apresenta sete longas-metragens brasileiros, dirigidos ou codirigidos por mulheres, acerca de temáticas de resistência política, social, ambiental, cultural, econômica, racial e afetiva. São novas abordagens de ativismo e manifestação de inquietudes, tendo o cinema como espaço de expressão e mobilização.

O documentário Chega de Fiu Fiu, de Amanda Kamanchek e Fernanda Frazão, aborda a campanha contra o assédio sexual em espaços públicos, acompanhando o dia a dia de três mulheres por meio de câmeras escondidas. De Susanna Lira, Mataram Nossos Filhos documenta a jornada de um grupo de mães que perderam seus filhos e transformam o luto em luta por justiça. Então Morri, de Bia Lessa e Dany Roland, conta a vida de uma mulher, do nascimento até a morte, misturando imagens de diferentes pessoas, de diferentes idades, em diferentes regiões do Brasil, embora a luta sempre seja a mesma.

O Fogo que não se apaga é uma homenagem a mulheres que dedicaram suas vidas pro?ssionais à sétima arte e que seguem produzindo obras inspiradoras, em uma história de amor com o cinema que nunca arrefece.

A mostra especial traz os longas-metragens mais recentes de Helena Ignez, Paula Gaitán, Helena Solberg, Beth Formaggini e Lucia Murat, além de Amor Maldito, de 1984, que foi dirigido por Adelia Sampaio, sendo o primeiro ?lme nacional a mostrar a relação amorosa entre duas mulheres e dirigido por uma cineasta negra.

Programa de Formação e Diálogo com Políticas Públicas

FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema contará ainda com uma agenda de formação. Cursos e masterclasses serão realizados no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (R. Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista) com pesquisadoras, produtoras, distribuidoras, diretoras de fotogra?a e profissionais de outras áreas artísticas. São mulheres ensinando e aprendendo com outras mulheres numa ação que tem como público prioritário realizadoras, profissionais atuantes no setor e interessados no tema.

Concomitante ao Festival, acontece no dia 04 de julho o II Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual, realizado pela Ancine e Sesc São Paulo com o objetivo de ampliar a conscientização e inspirar a ação dos profissionais do audiovisual brasileiro quanto às desigualdades de gênero e raça no setor. Serão apresentados estudos e iniciativas que contribuem para a promoção da diversidade dentro e fora das telas, no Brasil e no mundo, destacando cases na área de cinema, TV e publicidade.

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