Sem FGTS, Caixa corta financiamento de casas, classe média será muito afetada

Por Aluísio Alves.

A Caixa Econômica Federal informou nesta sexta-feira que suspendeu novas contratações de crédito imobiliário com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a linha pró-cotista, que financia a compra de imóveis de até 950 mil reais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e de até 800 mil nos outros Estados; é a linha de empréstimo habitacional mais barata depois do Minha Casa, Minha Vida.

A Caixa Econômica Federal informou nesta sexta-feira que suspendeu novas contratações de crédito imobiliário com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a linha pró-cotista. “Os recursos disponíveis da modalidade atualmente são suficientes apenas para atender as propostas de financiamento já recebidas pelo banco”, afirmou o banco em nota.

A pró-cotista financia a compra de imóveis de até 950 mil reais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e de até 800 mil nos outros Estados. É a linha de empréstimo habitacional mais barata depois do Minha Casa, Minha Vida.

Um gerente de uma agência da Caixa na capital paulista, que pediu anonimato, disse à Reuters que novas contratações na pró-cotista estão suspensas há semanas.

“E quem teve o pedido de financiamento já aprovado tem até o fim deste mês para assinar, caso contrário vai perder”, disse.

No comunicado, a Caixa afirma que deve receber nas próximas semanas cerca de 3 bilhões de reais para complementar os recursos da linha pró-cotista.

O banco negou que a suspensão esteja relacionada à falta de recursos por causa do resgate de recursos de contas inativas do FGTS, autorizado pelo governo em dezembro. Nos últimos dois meses, segundo o presidente Michel Temer, foram resgatados 15 bilhões de reais, e a expectativa é que o volume sacado das contas inativas chegue perto de 40 bilhões de reais até julho.

O vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza, disse à Reuters que, enquanto isso, o banco tem orientado os tomadores a buscar outras linhas de crédito, como a do SBPE, com recursos da caderneta de poupança.

A taxa de juro da pró-cotista da Caixa para não correntistas do banco é de 8,61 por cento ao ano. Já pelo SBPE a taxa é de 10,49 por cento ao ano.

Maior concessora de crédito imobiliário do país, a Caixa vem refletindo o contínuo vaivém do setor nos últimos dois anos, diante da recessão no país e de movimentos na Selic.

Em 2015, com a taxa básica de juros chegando a 14,25 por cento ao ano, a caderneta de poupança, que paga 6 por cento anuais, teve saída líquida de 53,6 bilhões de reais. No ano passado, a poupança teve resgates de 40,7 bilhões de reais.

Com isso, os empréstimos concedidos pelo SBPE no ano passado para compra e construção de imóveis caíram 38,3 por cento ante 2015, para o menor nível desde 2009. O desempenho só não foi pior porque o financiamento com recursos do FGTS cresceu 18,5 por cento, com a Caixa sendo mais flexível nos critérios para uso da linha pró-cotista.

Com o início do ciclo de cortes na Selic no ano passado, a expectativa de profissionais do mercado imobiliário é de os custos menores sejam repassados pelos bancos a tomadores nos próximos meses.

“Enquanto isso, estamos recomendando aos clientes que querem empréstimos pela pró-cotista que busquem no Banco do Brasil, que ainda tem recursos”, disse à Reuters a consultora imobiliária Daniele Akamine. “Recentemente fizemos isso para um funcionário da própria Caixa”.

Segundo o executivo da Caixa, o banco tomará as medidas para cumprir seu orçamento, que prevê conceder um total de 84 bilhões de reais em novos financiamentos para habitação neste ano, ante 81,5 bilhões de reais no ano passado, considerando todas as linhas.

“É muito ruim o cliente pedir recursos e não haver recursos; não vamos deixar acontecer”, disse.

Fonte: Falando Verdades. 

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