Protestos marcam aniversário de um ano de ataque terrorista em Barcelona

Homenagens foram marcadas por ato oficial com a presença do rei em Barcelona e por queixas das vítimas, que se dizem esquecidas.

Foto: Fotomovimiento

Por Luísa Belchior.

A Espanha lembra nesta sexta-feira (17/08) o atentando terrorista de Barcelona, que hoje completa um ano. No dia 17 de agosto de 2017, um homem invadiu com uma van o passeio central das Ramblas, a rua mais turística da cidade, em pleno verão. Em apenas 600 metros, atropelou mais de 150 pessoas, matando 14, entre elas crianças.

As homenagens na manhã desta sexta-feira (17/08) foram marcadas por um ato oficial com a presença do rei em Barcelona e por queixas das vítimas, que se dizem esquecidas e haviam pedido que as autoridades não politizassem a memória de sua dor.

O ataque em Barcelona no ano passado marcou a volta do terror à Espanha, que não havia tido nenhum atentado desde 2004, quando bombas coordenadas instaladas pela rede Al Qaeda deixaram 190 mortos no metrô de Madrid.

Já no primeiro ato oficial, em uma pequena cerimônia na prefeitura, o presidente da Catalunha, Quim Torra, aproveitou para lembrar dos políticos presos por terem organizado o referendo pela independência da região. Além disso, Barcelona amanheceu com duas grandes faixas contra a presença do rei Felipe VI na cidade.

Os cartazes foram colocados em um prédio na Praça de Catalunya, onde ocorre o ato oficial com a presença do rei e do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e na frente do mosaico de Joan Miró. O mosaico, uma escultura feita no chão das Ramblas, foi o ponto exato onde o motorista da van parou o carro e fugiu a pé. Lá aconteceu o segundo ato, uma oferenda de flores feita por parentes das 15 pessoas que morreram atropeladas no dia.

O terceiro e principal ato ocorreu logo depois, em uma silenciosa cerimônia na Plaza Catalunya, a principal da cidade, com a presença do rei Felipe VI e do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez. Ao longo do dia, escolas de música farão apresentações pela cidade.

Homenagem e polêmica

Na quinta-feira (16/08), as vítimas e parentes das pessoas mortas fizeram duras declarações contra as autoridades espanholas. Elas dizem que se sentem enganadas e abandonadas pelos governos da Catalunha e da Espanha.

Em uma conversa com jornalistas, afirmaram que nenhuma autoridade entrou em contato com eles. Foi graças a assessores jurídicos e psicológicos que eles reivindicaram direitos como programas de ajuda à vítimas de terrorismo. Uma representante do grupo de apoio jurídico afirmou que eles já localizaram 192 vítimas no total, 85 delas diretamente atropeladas pela van. Do total, uma psicóloga do grupo afirmou que 89% delas ainda têm sequelas psicológicas, e que 43% das vítimas ainda evitam voltar às Ramblas.

Nesta sexta-feira, algumas delas fizeram o esforço de regressar à zona do atentado para a homenagem. Entre elas, estão turistas, como uma mulher dos Estados Unidos cujo pai morreu atropelado pela van. Ela também voltou à cidade para participar dos atos.

Investigações sobre o atentado

Na semana passada, a polícia da Catalunha divulgou novidades nas investigações. Eles descobriram vídeos em que terroristas falavam do plano inicial para explodir bombas nos principais pontos turísticos da cidade, como a igreja da Sagrada Família. O plano falhou quando parte dos explosivos que o grupo fabricava em uma casa abandonada, a duas horas de Barcelona, foi detonada por acidente no dia anterior, matando dois deles.

Lá, estava o homem acusado de ser o mentor do grupo, Abdelbaki El Sati, que era o ímã de mesquita em Ripoll, uma pequena cidade ao noroeste de Barcelona, onde a célula se formou. Como plano “B”, eles decidiram então alugar uma van e atropelar pessoas que passeavam nas Ramblas.

Dessa célula terrorista, formada por dez homens, oito morreram, dois deles na explosão acidental e outros cinco abatidos pela polícia em Cambrils. Nessa cidade balneária, próxima a Barcelona, o grupo também atropelou pessoas após o ataque às Ramblas e apunhalou uma mulher, que morreu no ato. O homem que dirigia a van, Younes Aboouyaqib, de apenas 22 anos, foi morto pela polícia no dia seguinte ao atentado. Ele conseguiu fugir misturando-se às massas e foi encontrado em uma plantação de oliveiras, um dia depois. Os dois sobreviventes do grupo foram encontrados nos dias posteriores e estão presos desde então.

Turismo prejudicado

Nos meses posteriores ao atentado, o medo e a incerteza levaram milhares de pessoas a cancelarem estadias nos hotéis de Barcelona já em agosto e em setembro de 2017. No último trimestre do ano passado, o setor hoteleiro registrou uma queda de 15% nas reservas. No setor de restaurantes, outro ponto forte da economia local, a queda no faturamento, em 2017, foi de 30%. O impacto internacional foi muito grande. Barcelona é uma cidade conhecida internacionalmente e, entre os 137 atropelados no dia do atentado, havia pessoas de 34 nacionalidades diferentes.

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