População de Florianópolis se une por saneamento básico

Cerca de 300 pessoas participaram da Caminhada em Defesa de Canasvieiras nesta terça-feira (19.1) exigindo ações do poder público para acabar com a poluição não apenas em Canasvieiras, mas em todo o Norte da Ilha, toda a cidade de Florianópolis e todo o litoral catarinense. Uma jovem até exibiu um cartaz pedindo “Salve as praias do Brasil”, o que mostra a extensão do problema. Uma nova manifestação está marcada para o dia 31.1, um domingo. (GALERIA DE FOTOS AO FINAL DA REPORTAGEM)

A maioria dos presentes mora ou veraneia em Canasvieiras. Mas havia representantes de entidades comunitárias de bairros como Ratones, Jurerê Tradicional e Internacional, Daniela, Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui, que têm se reunido e tomado atitudes com relação à questão do esgoto. “Todas as comunidades juntas, todas as comunidades juntas”, entoavam os manifestantes.

Manifestantes da Caminhada em Defesa de Canasvieiras pediram ações do poder público, incluindo Prefeitura e Casan, para resolver a questão do esgoto. Foto: Celso Martins.

O carro de som tocava o hino de Florianópolis, “O Racho de Amor à Ilha”, composto porCláudio Alvim Barbosa (Zininho). No microfone, o representante da União Florianopolitana de Entidades Comunitárias (Ufeco) no Conselho Municipal de Saneamento, João Manuel do Nascimento, passava informações e pedia que mais pessoas se juntassem ao protesto. Muitas aplaudiam das varandas de seus apartamentos e das calçadas. Uma das líderes do movimento ainda chamava, em espanhol, “Vengan, hermanos. Na playa también es de ustedes”.

Dona Lenir Ziane chama outros moradores para participarem da passeata. Foto: Anita Martins.

A professora aposentada Lenir Ziani, que mora em São José e veraneia em Canasvieiras, estava indo para a praia com a filha quando viu a concentração e mudou os planos. “Tive que vir e defender a nossa Ilha, que dizem que está podre. É um absurdo o que está acontecendo. Eu pago o dobro de IPTU aqui que em São José e não vejo aplicação”, diz.

A administradora Luciana Meurer mora em Canasvieiras e foi à demonstração acompanhada do filho pequeno. “Nós temos uma rede de futevôlei do lado do rio do Bráz. No domingo, fomos lá e não conseguimos nem ficar sentados na areia por causa do cheiro”, conta.

O organizador da Caminhada em Defesa da Praia de Canasvieiras, Eduardo Sardá Cascata, que também é empresário em Canasvieiras, comemorou o comparecimento da população. “Por ser dia de semana, muitas pessoas não puderam vir. Mas o evento superou as nossas expectativas. O povo está cansado. E as praias são o ganha-pão de muita gente em Floripa”, comenta.

A Polícia Militar acompanhou toda a passeata, ajudando a controlar o trânsito.

Comunidades se reúnem com MPSC

Os líderes da manifestação são os mesmos que estão à frente de um movimento pela melhora do saneamento básico na cidade. Nesta segunda-feira (18.1), cerca de 15 deles se reuniram com os promotores de justiça Paulo Antônio Locatelli e Mário Waltrick do Amarante, do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), para pedir providências com relação ao escândalo da poluição na Ilha.

Reunião de representantes de entidades comunitárias e promotores de justiça do MPSC. Foto: Divulgação.

“Fomos expor a nossa visão dos fatos e deixar claro que exigimos soluções definitivas. Não aceitamos que se transfira o problema de Canasvieiras para outro lugar, ou vice-versa”, afirma Nascimento. Na sexta (15.1), foi realizada uma reunião do MPSC com enviados da Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Fatma), Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento e Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc).

Um documento foi entregue aos promotores, com informações sobre o caso e solicitações de ações, principalmente para “uma investigação profunda e a punição exemplar”. O texto começa dizendo que “o histórico problema do sistema de esgotamento sanitário chegou a mais um capítulo trágico, porém absolutamente recorrente e previsível” e que há anos de “descaso, omissão fiscalizatória (tanto da municipalidade como também da FATMA e agência reguladora), reiterados vazamentos (que não podem ser considerados acidentais, muito menos justificáveis), compadrio explícito entre os maiores agentes poluidores (principalmente estatais) e absoluto descumprimento de planejamento e metas estipuladas no Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico”.

Entre os principais pedidos estão que o MPSC: aja para acabar com “o despejo de efluentes (ainda que tratados) tanto no Rio do Brás como o seu desvio para a Bacia do Rio Ratones”; solicite “providências urgentes ao Poder Judiciário, considerando os fatos recentes (não inéditos), que denotam descumprimento de compromissos assumidos pelos réus nesta ação civil pública”; peça “ao Município de Florianópolis, um relatório detalhado das metas de esgotamento sanitário descritas no Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico […], que vincula as obrigações também da empresa prestadora de serviços […] e que, diante da resposta obtida, que se tomem as providências adequadas.

Confira a íntegra do documento clicando nas imagens abaixo.

FOTOS DA MANIFESTAÇÃO EM CANASVIEIRAS,
por Anita Martins e Celso Martins.

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Fonte: http://daquinarede.com.br/2016/01/populacao-se-une-por-saneamento-basico/

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