Ministro de Bolsonaro ameaça acabar com a Anvisa por regras para cultivo de maconha medicinal

Osmar Terra ainda acusou o presidente da Anvisa e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de ligação com uma organização "pró-droga, que prega a liberação no mundo"

Foto: Michael Fischer / Pexels

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, ameaçou pôr fim às atividades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), caso sejam aprovadas regras sobre cultivo de Cannabis no Brasil para produção de medicamentos.

“Pode ter ação judicial. Pode até acabar a Anvisa, sei lá, entendeu? A Anvisa está enfrentando o governo. É um órgão do governo enfrentando o governo. Não tem sentido. E o governo não está se baseando em teorias esdrúxulas, está se baseando em ciência. Em 198 países do mundo é proibido plantar maconha. Todos são malvados? É a experiência da vida”, disse Osmar Terra em entrevista ao portal Jota.

O ministro acusou ainda o o presidente da Anvisa, William Dib, de estar “completamente comprometido com a causa da liberação”. “É um movimento pró-liberação da maconha que o William Dib é um dos caras que está liderando. Passou a liderar”, afirmou.

Terra ainda acusou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de ser financiada por uma organização que prega a liberação das drogas no mundo.

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“Ele [Dib] tá pró-droga. É a turma pró-droga. A Fiocruz é pró-droga. É um movimento que tem muito dinheiro. No caso da Anvisa, não posso dizer isso. Mas a Fiocruz é bancada com dinheiro da Open Society. Faz pesquisa com estes recursos. É a organização pró-droga, que prega a liberação no mundo”, disse.

Maconha na Câmara

Em agosto, a Câmara dos Deputados deve instalar uma comissão especial para discutir o uso da cannabis sativa —a planta usada para produzir maconha— para fins medicinais.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, fará parte da comissão especial e acha que o assunto deve, sim, ser debatido.

“O Osmar já falou para mim que é bem contra. Mas a gente tem que discutir. O mundo inteiro fez isso”, diz. “Se somarmos pacientes com doenças raras, autismo e câncer que poderiam ser tratados com a cannabis, calculo que cheguem a 20 milhões”, afirma.

Zambelli divide a autoria de um projeto com o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Ele é inspirado em uma lei de Israel que autoriza o plantio para fins medicinais. Os dois chegaram a gravar um vídeo juntos sobre o assunto.

O relator da comissão especial deve ser o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Os pacientes brasileiros não podem ser privados de um tratamento disponível em diversos outros países”, afirma ele.

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