Governo libera mais 57 agrotóxicos e soma deste ano chega a 382 novos registros

Foto: Natália Seccon/Idaf-ES

Por Emilly Dulce.

Subiu para 382 o total de agrotóxicos liberados pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) em pouco mais de 10 meses de mandato. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou, na quinta-feira (3), a autorização de mais 57 substâncias em relação ao mês de setembro. Os números representam uma avalanche frenética na série histórica iniciada em 2005. Em todo o ano passado, os registros contabilizaram 450 agrotóxicos. 

Dos pesticidas anunciados, 10 são biológicos (utilizados na agricultura orgânica), 41 são genéricos e seis são produtos formulados com base em princípios ativos novos. Cerca de 30% dos ingredientes de agrotóxicos liberados até setembro são proibidos na União Europeia, sendo que 46 da nova leva ainda não haviam aparecido na lista deste ano.

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O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo em números absolutos. Em 2017, a agricultura brasileira utilizou 539,9 mil toneladas de venenos, conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Isso custou, na época, US$ 8,8 bilhões — cerca de R$ 35 bilhões no câmbio atual.

O aval para a liberação das substâncias passa por três órgãos reguladores: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ibama e Ministério da Agricultura — atualmente chefiado por Tereza Cristina (DEM), ex-líder da bancada do agronegócio na Câmara dos Deputados e conhecida como “musa do veneno”.

O agronegócio — modelo de produção agrícola baseado no monocultivo, no grande latifúndio e no uso ostensivo de agrotóxicos — é duramente criticado por especialistas, partidos de esquerda, sindicatos e organizações populares, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida.

“A novidade desta publicação é o uso da nova classificação feita pela Anvisa em agosto. Pela nova regra, diversos agrotóxicos que eram considerados extremamente e altamente tóxicos por causarem cegueira e corrosão da pele se tornaram ‘improváveis de causar danos agudos’. Um exemplo é o Piriproxifem, que antes da mudança era classificado como ‘Extremamente Tóxico’, e agora aparece em uma mistura com Dinotefuran classificado como ‘Improvável de Causar Dano Agudo'”, critica, em nota, a organização lançada em 7 de abril de 2011.

Confira aqui a publicação no Diário Oficial da União.

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