10 autoras lésbicas marginais para você conhecer

Em tempos de barbárie, é preciso contar histórias de esperança, amor e luta. É preciso reinventar as narrativas.

Imagem: Reprodução



Uma das maiores queixas simbólicas do universo LGBTQIA+ é a ausência de referências, em especial quando falamos em literatura. Quando falamos em literatura marginal feita por mulheres lésbicas então, os registros se tornam ainda mais escassos. Muito têm vindo à tona nos últimos anos. No entanto, pedimos à poeta tatiana nascimento e à contista Gabriela Soutello indicações de autoras contemporâneas lésbicas, em especial, autoras em início de carreira ou com pouco destaque, que as convidadas conhecem e leem. Indicações de autoras à margem da margem. Confira:

Dionne Brand
“o trabalho da dionne brand é referência pra mim, especialmente os poemas de “Hard against the soul”, que traduzi pra uma revista da USP há uns dois anos. uma sapatão incrível, preta, ensaísta, prosadora, poeta, cineasta, intelectual canadense.” – Tati Nascimento

Kati Souto
“a sapatão não-binarie kati souto, do df, tem um trabalho bem significativo sobre lesbiandade negra masculinizada e foi a primeira publicada pela cole-sã escrevivências [1] da padê editorial com escura.noite” – Tati Nascimento

Nina Ferreira 
“uma amiga querida, compositora, artista visual, arte-educadora brasiliense, também tá na cole-sã. tem um poema que acho central pra explicar meu conceito de queerlombismo/cuírlombismo literário, y é o que dá título ao livro: “pérola marrom” – Tati Nascimento

Viviane Vergueiro
“pesquisadora y ativista viviane vergueiro, do coletivo de transs pra frente, de salvador, também é uma referência importante pra mim, por pensar racialização desde sua ascendência japonesa, sendo uma lésbica trans, intelectual, pensando a cisgeneridade de forma crítica” – Tati Nascimento

Cristina Judar
“A Cristina é uma das ganhadoras do Prêmio SP de Literatura de 2017, com o livro Oito do Sete. E também é uma das realizadoras do Sarau Um Quarto Todo Nosso, que estimula a participação de novas autoras” – Gabriela Soutello

Paloma Franca Amorim
Natural de Belém, no Pará, Paloma também é afroindígena e publicou, em 2018 o livro “Eu preferia ter perdido um olho”, pela editora Alameda. “Eu não escrevo para estar no lugar de fala, quero tentar romper com essa ideia. A autoidentificação é muito importante, mas o mercado esmaga a gente ali”, comenta Paloma em entrevista. Indicação de Gabriela Soutello.

Cidinha da Silva
Doutoranda em difusão do conhecimento na Universidade Federal da Bahia, presidiu o Instituto Geledés por anos. Sua estreia na literatura aconteceu em 2006 com o livro de prosas Cada Tridente em seu lugar, escreveu duas peças e de lá para cá já publicou outras 13 obras, entre elas Um Exu em Nova York (2018) e Parem de nos matar! (2019) que será reimpresso pela Pólen Livros em breve. Indicação de Gabriela Soutello.

Bárbara Esmenia
Poeta e autora dos livros {Penetra-Fresta} (2016) e Tribadismo: mas não só (2018), publicados pela padê editorial. Integra também o teatro das oprimidas. Indicação de Gabriela Soutello.

Cecília Floresta
Cecília Floresta é escritora afrodescendente, candomblezeira e sapatão, autora de poemas crus (Patuá, 2016). Cecília também é uma das criadoras do Sarau “Um Quarto Todo Nosso”, projeto que divide desde a gestação com Cristina Judar. Indicação dd Margens e Gabriela Soutello.

Thalita Coelho
Thalita Coelho, além de escritora, é professora de português e doutoranda em Teoria Literária, na linha de pesquisa de Crítica Feminista, pela UFSC. Autora de Terra Molhada (Patuá, 2018). Indicação de Margens.

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Sobre o Especial #DiaDaVisibilidadeLésbica 

Desde 1996, o dia 29 de agosto marca o Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil. A data marca o 1º Seminário Nacional de Lésbicas no país. A comunidade LGBTQIA+ no Brasil nunca esteve à salvo. As violências simbólicas que envolvem a existência lésbica vão desde as frases e apagamentos diários chamar um casal de mulheres de “amigas”, como destacou o projeto especial realizado Coletivo Dignidade e do Coletivo Cássia, com cards digitais que ilustram e corrigem estas pequenas violações até casos de estupros corretivos e demissões no trabalho.

O Margens se junta às reflexões sobre a data e a existência das mulheres lésbicas para destacar outros aspectos da vivência de importantes autoras lésbicas que se encontram à margem da heterossexualidade, do mercado editorial ou da existência limitante de caber num rótulo. Autoras que não se definem por sua lesbianidade, mas que se atravessam por ela.

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[1] cole-sã escrevivências da padê editorial é dedicada a textos de literatura lgbtqi+ (majoritariamente) negra contemporânea. são mais de 60 títulos de autores sapatonas, trevestis, mulheres y homens trans, gente não-binária, povo preto sexual-dissidente.

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