O Congresso Nacional Indígena (CNI) mexicano, apoiado pelo EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), anunciou neste domingo (28/05) o nome de María de Jesus Patricio Martínez, conhecida como Marichuy, como candidata do movimento à Presidência do México para as eleições de 2018.
Mais de 1.480 delegados, conselheiros e observadores de 58 povos indígenas se reuniram em San Cristóbal de las Casas, no estado de Chiapas, centro do movimento indígena mexicano, para escolher a porta-voz do Conselho Indígena de Governo, que será lançada como candidata presidencial, como havia sido anunciado em janeiro.
O movimento indígena deve recolher cerca de 1 milhão de assinaturas para formalizar a candidatura independente de Martínez junto ao órgão eleitoral mexicano. Em um comunicado, o EZLN e o CNI chamaram os indígenas do país a “nos organizar em todos os rincões do país para reunir os elementos necessários para que o Conselho Indígena de Governo e nossa porta-voz seja registrada como candidata independente à presidência do país, e assim fazê-los perder sua festa baseada em nossa morte e fazer nossa própria baseada na dignidade, na organização e na construção de um novo país e um novo mundo”.
Disseram também que “as organizações criminosas que atuam em descarada cumplicidade com todos os órgãos do governo, partidos políticos e instituições, configuram o poder de cima e são causa de repugnância para milhões de mexicanos no campo e na cidade”.
“Nenhuma delimitação de nossos povos, nenhuma determinação nem exercício de autonomia, nenhuma esperança feita realidade respondeu aos tempos e formas eleitoreiras que os poderosos chamam democracia, por isso somente pretendemos retirar deles o destino que nos roubaram e desgraçaram; pretendemos desmontar esse poder podre que está matando nossos povos e a mãe Terra”, segue o comunicado.
Nascida na comunidade dos índios nahua em Tuxpan, no Estado de Jalisco, Martínez tem 57 anos, é médica tradicional e desde 1994 é porta-voz de sua comunidade. Desde então, vem atuando em hospitais de comunidades indígenas e militando pelos interesses dos nativos mexicanos. Em seu discurso após ser nomeada, Martínez chamou os povos originários a “participar da reconstrução do país” em conjunto ao Conselho Indígena de Governo.
Segundo o movimento, a candidatura à presidência é uma alternativa para a luta indígena. “Não é que nos interesse o processo eleitoral, os votos ou ganhar a presidência. Nós queremos voltar a visibilizar a luta indígena, como fez o EZLN em 1994”, afirmou Carlos González, um dos porta-vozes do CNI, ao jornal espanhol El País.
Fonte: Opera Mundi