Novos relatos feitos ao Universa UOL para o documentário “Saul Klein e o Império do Abuso” revelam detalhes sórdidos sobre os abusos praticados pelo filho do fundador das Casas Bahia. Saul é investigado pela polícia desde setembro de 2020, em um processo envolvendo 14 jovens que o denunciam por estupro, lesão corporal e transmissão de doença venérea, entre outros crimes.
Segundo depoimentos das vítimas, Klein forçava sexo oral, machucava as garotas com as unhas longas e as obrigava a ver filmes de estupro infantil. As jovens participaram de um esquema de aliciamento, que começava com a promessa de um trabalho como modelo e logo ganhava contornos de um jogo de manipulação psicológica e financeira que incluía violências sexuais.
“Eu tinha 17 anos. Uma mulher atrás de mim tirou meu vestido, me levou para o banheiro, me deu um tubo de xilocaína, me mandou agachar e introduzir o [conteúdo do] tubo no ânus. Fui para o quarto e, ali, ele começou tudo. Quando terminou, eu só chorava”, contou uma das vítimas.
“Ele tem uma barriga enorme que pressiona, segura a gente. Ele foi colocando, forçando o sexo anal. Comecei a pedir para parar, e ele não parava”, disse outra. De acordo com uma jovem, Saul não gostava de cortar as unhas, mas mesmo assim as introduzia nas partes íntimas das garotas. Foi assim que ele rasgou uma delas por dentro. “Quando isso acontecia, já tinham pomadas lá preparadas para as meninas usarem”, relata.
Esquema envolvia ginecologista e cirurgião plástico
Também faziam parte do esquema horrível a ginecologista Silvia Petrelli e o cirurgião plástico Ailthon Takishima, que frequentavam a casa de Saul para atender às garotas. Eles prescreviam remédios para os machucados delas e se responsabilizavam pelo tratamento de doenças venéreas, transmitidas por Saul, que se recusava a usar camisinha.
“Todo o mundo lá pegou HPV. Ele tinha clamídia e queria ter relação mesmo assim”, afirmam as vítimas. Muitas delas choravam, se recusavam a ter relações sexuais com o filho do fundador das Casas Bahia e uma chegou a tentar se matar. Em um relato difícil de se ler, ela contou que Saul a estuprou ainda com os pontos.
“Tive a primeira overdose de medicamentos. Cortei o pulso, levei 12 pontos. Quando cheguei em casa do hospital, no meu celular tinha um monte de ligação da Marta [Gomes da Silva, apontada por vítimas e por Saul como cabeça do esquema]. Ela disse que eu precisava vir para São Paulo, que o Saul queria me ver. E eu vim. Ele fez sexo comigo com os pontos, sabendo que eu tinha acabado de tentar suicídio, que estava com depressão. Mas diziam que ele era tão bonzinho, que estava preocupado comigo. Eu acreditava.”
Também em um depoimento que faz parte do documentário, uma das jovens afirma ter presenciado uma agressão e uma situação de cárcere privado. “Uma vez, ele tentou enforcar uma menina. Ela quis ir embora, ficou desesperada, mas o segurança não deixou. Falou que não ia perder o emprego por causa de uma ‘putinha’.”
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