Falar sobre questões de gênero enfrentadas por mulheres, meninas e mães, foi a maneira que a artista visual Camila Almeida encontrou para utilizar o seu campo técnico de atuação como enfrentamento à violência. Em seu novo trabalho, que foi lançado no sábado, 01/04, na inauguração da Galeria Eliane Fistarol, no Instituto Cultural Nossa Maloca, em parceria com a cineasta Fabiana Bardemaker e a multi-instrumentista Talita Falcão, a profissional traz para o debate as violências diárias vivenciadas por mulheres. Denominada “180”, o projeto faz relação com o disque denúncia de violência contra a mulher.
“O “180”, enquanto um trabalho artístico coletivo é uma denúncia. Estamos assumindo a narrativa, contando algo importante, enquanto mulheres, e a partir desse contato com o estamos mostrando queremos instigar o público a pensar sobre o que se vê, ouve, assiste, sente. O que nós, enquanto cidadãos, fazemos a partir do que, pessoalmente, nos é contado? A nossa intenção é justamente estimular o debate, provocar a conversa, fazer com que esse assunto seja observado e falado a partir do ponto de vista das mulheres, e fazer sim com que essa provocação também resulte em um olhar sobre as políticas públicas, e as ações desenvolvidas por diferentes órgãos e instituições que estão ligados a trazer respostas quando falamos desse tema”, pontua Camila Almeida.
A exposição é composta por vídeo, trilha sonora e fotografias híbridas. Na pesquisa, a artista utiliza o seu corpo como suporte da obra, a partir do autorretrato, e trabalha com inúmeras práticas manuais em cima da imagem, trazendo novos significados e uma nova plástica. “Foram muitos anos de pesquisa, de experimentação e investigação da imagem. Muitos testes para construir o que achamos relevante enquanto argumento visual, para que conseguíssemos contar para o público, através do que está sendo visto e sentido. Escolhemos como elementos poéticos desse trabalho as linhas, as costuras, o corte, o erro, estamos falando de um retalho em constante reparo, norteado pelas suas fissuras”, pontua.
Em 2022 o projeto foi contemplado pelo Prêmio Elisabete Anderle, através da Fundação Catarinense de Cultura, na categoria Artes Visuais, tornando possível a sua viabilidade, continuação da pesquisa e fazendo com que chegue ao público de maneira gratuita. A programação da circulação da exposição, acontece de 01 a 15 de abril, no Instituto Cultural Nossa Maloca, como contrapartida social. E prossegue para Xaxim, na sede da ONG Salva ao longo do mês de abril. As ações prevêem ainda oficina gratuita voltada à estudantes de escolas públicas, abordando a fotografia como importante forma de expressão, a partir dos processos manuais.
Galeria de Arte independente em Chapecó
A Exposição 180 inaugura um novo espaço cultural em Chapecó. A Galeria de Arte Eliane Fistarol abriu as portas no sábado, 01/04, às 18h, na sede do Instituto cultural Nossa Maloca, na Linha Tafona. O projeto foi construído de maneira independente por integrantes do Instituto, utilizando materiais de reaproveitamento. “Antes tínhamos uma garagem e agora temos uma galeria de arte. Um espaço muito importante para que diferentes trabalhos sejam acessados pela comunidade. Estamos falando de uma galeria que fica no interior, em uma comunidade rural
Acessibilidade
Pensando em trazer para o público um trabalho acessível, as obras visuais também são voltadas ao público cego. As imagens trazem diferentes texturas e linhas que norteiam as formas das fotografias. Além disso, em parceria com o Núcleo de Apoio Pedagógico em Braille, os textos e legendas estarão disponíveis em Braille.
Outras informações – Girassol Cultural
(49)991923977
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