Venezuela denuncia esquema de fake news contra o país com 1.400 contas de Twitter

Vice-presidenta da Venezuela Delcy Rodríguez

Por Michele de Mello.

A vice-presidenta executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, denunciou um esquema de difusão de notícias falsas contra o país. Segundo Rodríguez, um grupo de especialistas utiliza ferramentas de big data (que processam quantidades massivas de informações) para analisar 70 milhões de publicações na rede social Twitter. Até o momento, foram revisados 15,3 milhões de tweets e 1.400 contas inscritas na rede, que geraram mais de 31 milhões de interações com conteúdo contrário à Venezuela, acusando supostas violações aos direitos humanos.

O material será anexado a uma denúncia à Corte Penal Internacional e enviado para revisão da Organização das Nações Unidas (ONU). O governo venezuelano acusa o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e o chamado Grupo de Lima (países que defendem a deposição do presidente Nicolás Maduro) de financiar a rede de notícias falsas.

“São casos criados artificialmente, que não têm base na realidade, e buscam incidir sobre decisões nestes organismos”, declarou, em coletiva de imprensa, Delcy Rodríguez.

Segundo a vice-presidenta, 88% das publicações analisadas utilizam informações não verificadas.

A Corte Internacional de Haia analisa dois processos simultâneos sobre a Venezuela: o primeiro foi levado pela oposição venezuelana, liderada pelo ex-deputado Juan Guaidó, que acusa o governo de Maduro de cometer violações de direitos humanos, prisões arbitrárias e perseguição política.

O segundo foi exposto pelo Procurador e o Controlador Geral da República, acusando líderes opositores e os Estados Unidos de cometerem crimes de lesa humanidade com a promoção do bloqueio econômico e tentativas de golpe de Estado.

Algumas ações na última semana sugerem a tentativa do governo bolivariano de avançar com seu processo na Haia.

O Procurador Geral, Tarek William Saab afirmou que foram revistas algumas investigações que fizeram o Ministério Público mudar a versão oficial de alguns casos. O primeiro era sobre um jovem que faleceu durante os atos opositores de 2017, depois de sofrer disparos de membros da Guarda Nacional Bolivariana. Por conta do caso, 12 militares foram indiciados por homicídio.

Também reconheceu que houve tortura e responsabilidade policial no caso da morte do ex-vereador Fernando Albán, em 2018, que foi lançado do 10º andar do edifício do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), em Caracas, enquanto estava sendo interrogado. Dois funcionários do Sebin foram presos e acusados de homicídio culposo.

Por fim, as autoridades venezuelanas concederam o pedido de prisão domiciliar a seis ex-diretores da empresa Citgo Petroleum, sede da petroleira PDVSA nos Estados Unidos. Os ex-funcionários, detidos há três anos, foram condenados por corrupção, peculato e associação para delinquir, por fazer parte em esquemas de desvio de dinheiro da empresa. Agora, cumprirão mais dez anos de pena em suas residências.

Para analistas, os três casos, assim como a eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mostram que existe algum nível de diálogo entre o governo de Nicolás Maduro e a União Europeia.

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