São Paulo – O governo Jair Bolsonaro autorizou as concessionárias de energia elétrica a realizar empréstimos para cobrir déficits ou antecipar receitas, em decorrência da queda no consumo. Os custos financeiros assumidos pelas empresas serão repassados aos consumidores na forma de uma tarifaço na conta de luz a partir de 2021.
Entre março, início da pandemia, e maio, o consumo de energia caiu 12,5%. Segundo o Sistema Interligado Nacional (SIN), aproximadamente 37% da produção elétrica ficou ociosa.
A justificativa para a liberação dos empréstimos – a chamada “conta-covid” – a juros de mercado, nos grandes bancos comerciais, é que as concessionárias precisam honrar seus contratos com os governos, para continuarem a operar.
“Os consumidores vão pagar no longo prazo, via tarifa, para os bancos”, destaca o coordenador do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Clauber Leite. Em entrevista ao repórter André Gianocari, para o Seu Jornal, da TVT, ele defende transparência nesses empréstimos, para que não sirva para encobrir más práticas no setor.
Para o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Cervinski, mestre em Energia pela Universidade Federal do ABC (UFABC), o sistema financeiro controla o setor.
“Quem controla hoje o setor elétrico são os próprios bancos. São fundos privados de grandes empresários. Resolveram atuar nesse setor, porque temos uma geração de energia – de base hidráulica – com baixo custo de produção. Mas a população paga uma das tarifas mais caras do mundo”.