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Uma lista para 365 dias de consciência negra

Foto: Arquivos pessoais

Por Cecília Oliveira.

Certa vez, a escritora Ana Maria Gonçalves me disse que novembro é o mês em que ela mais trabalha. Muitos convites de palestras, bate-papos e seminários. Cruza o país de cabo a rabo. Outro dia, encontrei o empreendedor e comunicador Raull Santiago, e ele me disse que está cansado de ser convidado para falar sobre favela, violência, morte de jovens negros. Que é muito mais do que isso. Mas ser negro e morar no Complexo do Alemão, na percepção de muitos, o reduz.

Novembro, mês da consciência negra, é a época de muitas “histórias de superação” na imprensa. Mas não se vê, com a mesma dedicação, pessoas negras ocupando lugares em histórias de uma outra forma: como fontes ou especialistas, por exemplo. A história das pessoas negras é de horror por um lado, mas também é de vitória e resistência. A história dos negros brasileiros é a história do Brasil. E a história negra não cabe em 30 dias – deveria, na verdade, se diluir nos outros 365.

Pensando nisso, perguntei no Twitter e no Facebook quem são as pessoas negras admiradas pelas pessoas e por quê. A ideia foi estender a excelente iniciativa Entreviste um negro. O resultado foi uma lista com 138 nomes, com atuações em áreas que eu inclusive tive que pesquisar para entender melhor. É o caso da Nadia Ayad, por exemplo, bioengenheira que ganhou um prêmio internacional ao propor um mecanismo de filtragem e um sistema de dessalinização de água, fazendo com que se torne potável a partir do uso de grafeno.

Também fiquei fascinada com a história grandiosa de Oswaldo Luiz Alves. O nanotecnólogo, professor titular de química da Unicamp, desenvolve materiais para aplicação em problemas ambientais: ecomateriais e desenvolvimento de sistemas para filtragem e isolamento, com mais de 30 patentes registradas e incontáveis prêmios.

São pessoas como Ayad e Alves, com trajetórias excepcionais, que compõem a nossa lista. Muitos dos profissionais citados se formaram e especializaram para abordar a temática de raça – se preciso for. Mas o compilado preparado pelo Intercept tem especialistas em criptomoedas, ciência política, transparência, corrupção, direito, moda, neurociências, publicidade, economia, cinema e medicina, entre muitos outros temas.

Porque negros têm mais assunto do negritude. Bora dar espaço para eles serem o que são?

Confira:

Correção: 2 de novembro de 2018, 14h29

A bioengenheira Nadia Ayad ganhou um prêmio internacional por propor um mecanismo de filtragem, e não por desenvovê-lo, como dito anteriormente.

 

 

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