Fica claro que as oligarquias midiáticas latinoamericanas, ao serviço dos golpes de estado, são sócias de um crime que não pode ficar impune. O crime se chama traição à vontade dos povos, traição a seu desenvolvimento, traição à sua liberdade de consciência.
A ameaça sistemática da mídia capitalista é um problema de segurança nacional e é preciso compreendê-lo profundamente. Por isso é urgente discuti-lo internacionalmente, das esferas das bases às esferas de seus mandatos democráticos. Para isso é ideal uma Cúpula de Mandatários em matéria de Comunicação.
Como já sabemos que uma Cúpula de Presidentes sozinha não pode resolver a totalidade dos problemas; como já sabemos que em matéria de mídia a luta é dura e assimétrica; como já sabemos que se trata de uma Guerra, a Guerra de Quarta Geração, o pertinente é nos chamarmos para a mobilização, para as tarefas científicas e o esmero criativo com o objetivo de dar substância e corpo às nossas forças em contra da alienação, a exploração e o saqueio (bem visíveis em Honduras a estas horas), bem sensíveis no mundo a estas alturas.
A Cúpula deve abordar pelo menos 4 temas cruciais:
1.- A assimetria e dependência tecnológica.
2.- A assimetria jurídico-política.
3.- A assimetria científico-acadêmica.
4.- A assimetria na produção de agendas e conteúdos.
O crime golpista, que se cozinha todo dia no continente, se patrocina com discursos magnicidas e com teses desestabilizadoras que atentam principalmente contra a vontade democrática dos povos. Farão uso de todas as formas repressivas para prolongar a sua categoria de crime. Recorrerão ao toque de recolher, ao fechamento de meios de comunicação, à criminalização e à persecução dos líderes democráticos… Recorrerão ao que lhes ocorrer como necessário para chegar onde querem e satisfazer os seus chefes. Estejam onde estiverem.
Os povos pagam agora as consequências de um plano continental para descarrilar todo processo democrático. Qual é o próximo?
Dá para ver com clareza, atrás desta operação traidora, como se ideiam e executam os passos criminosos. Não os perdamos de vista nem um segundo. Nada na manipulação da mídia oligarca é casual nem inocente. Gastam dinheiro em abundância e contratam operadores terroristas de todo tipo, se chamem militares, paramilitares, mercenários ou intelectuais de “prestígio”. E nós fazemos o que enquanto isso? Devemos fazer o que?
Muita falta nos faz um Encontro Cúpula, com apoio das bases, uma assembleia organizativa para a Integração Comunicacional, uma convocatória continental em direção à emancipação comunicacional dos povos. Não esperemos para ver como, nos próximos meses, impulsados por suas crises, os poderes burgueses aumentam os combates contra tudo o que pareça liberdade de expressão, independência, expropriação ou socialismo. Não permitamos que nos deixem atordoados. Não esperemos para ver o que inventam para nos silenciar.
Precisamos de uma Cúpula para ir em direção à liberdade expressiva, plena e democrática, das organizações sociais de base, dos trabalhadores, dos camponeses… uma Cúpula com agenda própria para romper os bloqueios midiáticos e rumo a um Projeto Internacional de Políticas de Comunicação que ponha todos os melhores recursos ao serviço do desenvolvimento socialista, de baixo para cima e não ao serviço dos monopólios midiáticos.
Precisamos de uma luta revolucionária para a transformação do mundo, ajudados pela Comunicação e seus melhores episódios. Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Argentina, Brasil… Honduras… todos rumo a um encontro resolutivo que enfrente, de vez, com as ferramentas do internacionalismo revolucionário, um mal comum, uma carga que intoxica e degenera. Este é um assunto histórico pendente que não admite soluções burocráticas isoladas nem poções sectárias. Precisamos de uma Cúpula que impulse, organizadamente, todos os debates necessários, neste momento, para combater, sem eufemismos, as operações midiáticas burguesas que infectam com suas pretensões alienantes cada canto da vida coletiva, da consciência individual e de todas emoções, contra as manias burguesas que infectam inclusive a muitas «esquerdas».
Precisamos de planos conjuntos, tarefas continentais, eventos sistemáticos, arrecadação de recursos e criatividade lúdico-revolucionária para afiançar o melhor do que já se faz, para empreender isso que anseiaram muitas gerações de trabalhadores na cultura, nas artes, na pedagogia e a didática, na ciência… para parar até a negociata mafiosa que perpetra a mídia burguesa, para freiar toda forma de chantagem que anseia eternizar o império do dinheiro sobre a democracia. É imprescindível uma ação internacional, um balanço dos custos, uma denúncia de furtos e um freio definitivo ao modelo burguês de comunicação alienante.
Falamos de uma Cúpula de Presidentes Latinoamericanos dispostos a opor o que se deve neste momento em que a dependência comunicacional nos angustia e ameaça com mais do pior. Uma Cúpula para a Comunicação, uma redefinição continental sobre a comunicação necessária e a sua dialética histórica. Uma Cúpula bonita e combativa para a guerra simbólica que devemos ganhar sim ou sim. Nos faz muita falta a autocrítica sem os paradigmas burgueses.
Cúpula de presidentes porta-vozes de suas bases e dispostos a abrir espaços novos para a pesquisa científica da comunicação nos próximos anos, que a abra à participação de todos e que se torne dinâmica e criadora. Que se movimente por toda parte, que empreenda mobilizações e intervenções mundiais, que, de sul a norte, predique com exemplos a sua necessidade de aprendizagens e a sua necessidade de consolidação democrática e socialista. Uma Cúpula de baixo para cima. É pedir demais?
Por uma Corrente Internacional da Comunicação Rumo ao Socialismo.
Tradução: Projeto América Latina Palavra Viva.