Um pouco das Flores do Bem, do Prof. Sidarta Ribeiro. Por Bruna Weber Botta.

Por Bruna Weber Botta, para Desacato.info.

Quero começar esse comentário com uma constatação, maconha é uma planta da medicina ancestral.

Ela começou a ser cultivada há aproximadamente 12 mil anos, logo após o final da glaciação, a maconha faz parte desse processo longo que foi a revolução agrícola, sendo, bem provavelmente a primeira fonte de fibras vegetais e certamente uma fonte de alimentos e remédios. Estamos redescobrindo, detalhando quimicamente e fisiologicamente uma tecnologia ancestral.

Todos nós produzimos a todo momento, em nosso organismo, moléculas funcionalmente semelhantes ao THC, ao canabidiol. Se uma pessoa deseja viver 100% sem a maconha, ela deve considerar que se ela quiser tirar do seu corpo tudo que é semelhante a planta, essa pessoa terá um colapso no seu sono, na alimentação e na formação de memórias.

O que vimos hoje em nosso país é um pânico moral. A extrema direita tem um pacote que a todo o momento tentam descontruir os avanços da nossa sociedade, tá nesse “pacotaço” a não legalização do aborto, as pautas LGTI+ e claro, a maconha, deixando claro que não é a guerra às drogas, mas sim a questão da maconha, da planta.

Apesar do conservadorismo do nosso congresso, bem se sabe que no mundo, e aqui no Brasil, muitos estudam os benefícios dessa planta que foi estigmatizada por questões raciais. A acusação ao consumo de maconha é porque os trabalhadores que descansavam, usavam de maneia recreativa, a planta, fumavam maconha, e se negavam a trabalhar mais do que já trabalhavam. Aqui a face cruel e escravagista do capitalismo.

O processo é lento, os avanços no Brasil são lentos, e, apesar do Congresso que temos, pesquisadores cada vez mais descobrem mais benefícios dessa planta para nossa vida, para nossa saúde. A molécula mais estudada é o Canabidiol (CDB) e nessas pesquisas ficaram comprovados os avanços nos casos de autismo, epilepsia, Alzheimer, esclerose múltipla, ansiedade, TDH, insônia…

Outra inverdade que se disseminou sobre essa planta é que ela queima neurônios, os estudos comprovam que pelo contrário, ela melhora a neurogênese (geração de nossos neurônios), atua como neuroprotetor, alivia o estrês e a ansiedade, regula o humor, auxilia na qualidade do sono, auxilia na agitação, na manutenção do foco, auxilia na compulsão alimentar, e outras questões.

O THC de fato age no nosso sistema nervoso central, mas isso não necessariamente é ruim. Ele age, por exemplo no tratamento de dores crônicas, ele atua na dor e ajuda a equilibrar os componentes emocionais e cognitivos relacionados à percepção da dor.

É fato que ela precisa ser mais estudada, e a lei precisa permitir isso, esse momento está por chegar, agora precisamos disseminar essas informações entre nós, sociedade.

O Brasil é um grande terreno para o cultivo e a exportação da Cannabis. Com a legalização podemos produzir ciência, saúde e empregos.

A UFSC de Curitibanos, junto com os alunos e professores do curso de engenharia florestal, estão produzindo Cannabis para estudo medicinal em animais.

O uso da Cannabis no Brasil é um tabu o que nos traz diversas consequências trágicas. A proibição alimenta o imaginário desinformado de uma grande massa da população e afasta dessas pessoas a possibilidade de um tratamento natural, eficaz e que traça uma rota de sentido contrário da indústria farmacêutica tradicional. Bem provavelmente um fator relevante, pois é econômico, para o congresso dificultar a legalização dessa planta no Brasil.

A Cannabis salva vidas e proporciona às pessoas uma vida sem dor.

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