O governo turco começou a prender empreiteiros em todo o país acusados de terem feito projetos e construções de má qualidade que teriam contribuído para a queda de edifícios durante o terremoto que atingiu o país e a vizinha Síria na segunda-feira (06/02).
O Ministério da Justiça determinou aos procuradores das dez províncias do país afetadas pelo tremores que criem forças-tarefas para investigar possíveis crimes relacionados ao grande número de mortos, que superou neste sábado 25 mil.
Entre esses possíveis crimes, está o de violar o código de obras turco, que já havia sido reformado após um terremoto em 1999 para evitar a queda de prédios em caso de tremores.
A iniciativa é uma forma de o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan tentar reagir à crescente pressão da população pelas consequências do terremoto e pela resposta lenta à crise humanitária que se desdobra em diversas cidades.
Muitos turcos têm expressado críticas a empreiteiros que teriam reduzido a segurança de edifícios para ampliar seus lucros e ao governo por supostamente anistiar empreiteiros que construíram prédios em desacordo com o código de obras.
Prisões e mandados contra mais de cem pessoas
Nas províncias de Ganziantep e Sanliurfa, pelo menos 12 pessoas – em sua maioria empreiteiros – foram presas acusadas de negligência na construção de edifícios que colapsaram.
Um dos presos em Ganziantep é Mehmet Ertan Akay, responsável pela construção de um complexo de edifícios que caiu, acusado de homicídio culposo e violação do código de obras, segundo informou uma agência de notícias turca.
Um empreiteiro também foi preso no Aeroporto de Istambul na sexta-feira, enquanto tentava fugir para Montenegro. Ele havia construído um edifício de 12 andares com 250 apartamentos na província de Hatay que colapsou no terremoto.
As autoridades de Diyarbakir emitiram mandados de prisão contra 30 pessoas neste sábado. Na província de Adana foram emitidos mandados de prisão contra 62 pessoas, segundo informou neste sábado a agência estatal turca de notícias Anadolu.
Dois empreiteiros responsáveis por um edifício de 14 andares em Adana, que teriam fugido da Turquia continental logo após o terremoto, foram presos no Norte do Chipre.
Insegurança atrapalha resgates
A falta de comida e água e a insatisfação com os esforços de resgate têm aumentado a pressão sobre o governo turco e também sobre as equipes de apoio enviadas pelos outros países.
“É perceptível que o luto está lentamente dando lugar à raiva”, disse neste sábado Steven Bayer, diretor da organização alemã de apoio ISAR e que está na Turquia.
Grupos de resgate da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de busca e salvamento no sudeste da Turquia neste sábado, motivadas por questões de segurança e situações de sublevação na província de Hatay.
“Há crescente agressividade entre facções na Turquia”, disse o coronel austríaco Pierre Kugelweis. Os grupos de resgate foram enviados para suas bases até que a situação melhore. “Gostaríamos de continuar ajudando, mas estas são as circunstâncias”, afirmou.
O governo turco comunicou neste sábado que 48 pessoas de oito províncias foram presas por saques após o terremoto. Um decreto oficial editado neste sábado permite a prisão por até sete dias de suspeitos de realizar saques. “De agora em diante, as pessoas envolvidas em saques ou sequestros devem saber que a mão firme do Estado irá alcançá-las”, disse Erdogan.
bl/as (AFP, dpa, ots)