Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz” luta para manter seu espaço vivo

A Terreira da Tribo, espaço da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, um dos mais importantes grupos de teatro atuantes no país, está ameaçada. Em meio à pandemia, faltam recursos para manter o espaço. Conheça, contribua e divulgue para apoiar esse patrimônio cultural que é nosso.

Imagem: Reprodução

Já são 35 anos em que a Terreira da Tribo é mantida pelo grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, num trabalho que é luta e resistência cultural em Porto Alegre. Sendo um centro de experimentação e pesquisa cênica, bem como uma escola de teatro popular, o espaço mantido pela tribo de atuadores nunca foi, evidentemente, devidamente cuidado pelo Estado como o patrimônio cultural fundamental que é.

Isso, em primeiro lugar, porque esse Estado não reconheceria e apoiaria a importância de um grupo que atua na contramão dos valores que ele prega. O inestimável valor da Ói Nóis Aqui Traveiz é reconhecido por todos aqueles que, em cada lugar do Brasil, lutam cotidianamente por uma arte transformadora e subversiva.

A escola da Terreira funciona desde 2000, oferecendo oficinas abertas e gratuitas, com formação de atores, teatro de rua e iniciação teatral. Eles também tem como parte de seu trabalho a documentação da história do Ói Nóis, com a publicação de livros e DVDs, e da revista Cavalo Louro, que registram esse trabalho fundamental, uma preciosidade em um país cujo descaso de governos com a nossa cultura e memória ficaram marcados expressamente com incêndios como os do Museu Nacional e da Cinemateca. Quando a pesquisa e a ciência são duramente atacados pelo governo, o trabalho independente para preservar a memória é também um ato de luta e resistência por parte da Tribo, e parte da função fundamental da sua Terreira.

No final de fevereiro, a Terreira da Ói Nóis foi uma das entidades selecionadas para fazer parte do Centro Cultural Zona Sul de Porto Alegre, um reconhecimento enfim após décadas de luta e produção cultural e artística. Mas é evidente que qualquer concessão por parte desses governos não se sustenta, enquanto sua prioridade será sempre a de manutenção dos lucros. A pandemia varreu o projeto como um castelo de cartas, impedindo que a Terreira ganhasse uma nova sede.

De acordo com o Diário do Comércio, pelos termos do acordo firmado com o governo estadual, a Terreira ocupará um dos quatro galpões do antigo Artesanato Guarisse, no bairro Tristeza, por um período de cinco anos. A Terreira da Tribo se une às três organizações que já atuavam no local: Associação Gaúcha de Artes Integradas, Primeira Região Tradicionalista e Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vilas Conceição e Assunção. Os eventuais reparos ficam a cargo de cada entidade, e é aí que o problema começa: segundo Tânia Farias, integrante da Tribo, o galpão destinado ao grupo apresenta problemas no telhado e no piso, que impedem a realização das atividades previstas.

Hoje a Tribo arca com despesas de dois aluguéis, um para manter sua escola, o outro para manter seu acervo, totalizando uma despesa de R$ 12 mil. Esse segundo poderia ser eliminado caso o acervo fosse transferido para o Centro Cultural.

Tânia declarou: “Se pensarmos que o teatro é a arte da presença, do encontro… Ficamos completamente impossibilitados de conseguir sobreviver por meio de nosso trabalho. Estamos diante de uma iminência de morte. Fechar a Terreira, para nós, é fechar um espaço importante para a cidade. Estamos batalhando para manter os dois aluguéis, mas quase não há mais editais públicos que garantam a viabilidade de atividades como as exercidas pelo Ói Nóis.”

Há mais de vinte anos a Terreira aguarda a construção de seu centro cultural definitivo em um terreno cedido pela prefeitura na Cidade Baixa. Os sucessivos projetos foram paralisados. Tânia contou que “Com o que pagamos de aluguel há mais de 40 anos, já teríamos construído mais de uma Terreira. Precisamos de condições para funcionar ali. Nem que fosse uma estrutura incompleta ou provisória, que pudesse ser aprimorada com o tempo, a partir do apoio de pessoas ligadas ao teatro. O que não queremos é que esse terreno deixe de ser da Terreira da Tribo.”

O governo responde com as demagogias habituais. Luciano Alabarse, secretário municipal de cultura, disse que “sempre recebe o pessoal do Ói Nóis com a atenção que o grupo merece”, mas que as verbas para a reforma do galpão no Centro Cultural Zona Sul estão fora de cogitação.

Deixamos aqui o vídeo da campanha de financiamento do Oi Nóis:

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