Aquela pessoa só pode ser bipolar. Esse é um termo que se tornou rotineiro quando uma pessoa oscila decisões dentro de um mesmo período. Ou ainda quando oscila de humor em determinadas situações. De acordo com a psiquiatra Julia Trindade, além de não ser brincadeira para quem sofre, o diagnóstico de transtorno bipolar não é tão simples de ser dado. É um estigma tanto para os pacientes, quanto para os psiquiatras.
“É preciso respeito e cuidados especiais na hora de tratar sobre o assunto, afinal, além dos tipos de transtorno bipolar, o tipo 1, que é mais raro e o tipo 2, mais comum de ser diagnosticado, existe ainda a ciclotimia, que é um período de alteração do humor que dura pelo menos dois anos e que não se enquadra nos tipos anteriores”, destaca a psiquiatra.
Julia explica que o transtorno bipolar se caracteriza por oscilações de humor entre tristeza, depressão e mania ou hipomania. E que as taxas entre homens e mulheres são aproximadamente iguais.
“Esse transtorno é mais comum de acometer indivíduos na idade jovem, porém, pode iniciar na infância como também na fase adulta, no entanto é mais raro. A média de tempo para diagnóstico é 13 anos, e esse é um ponto relevante, pois muita gente fica anos tratando como se fosse depressão”, enfatiza a médica.
Entre os sintomas estão episódios depressivos, quando a pessoa não tem vontade de fazer as coisas, tristeza, perda de energia, alteração do sono ou do apetite, e em alguns casos até pensamentos suicidas. Um dado da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar diz que 30 a 50% dos brasileiros portadores desse transtorno mental tentam o suicídio, e que pelo menos 20% desse número conseguem o objetivo.
Depois de um tempo, a pessoa pode apresentar a chamada mania ou hipomania, que é quando ela começa a ficar muito irritada, cheia de energia, compra demais ou apresenta um interesse sexual exacerbado. É um período onde ela não consegue focar nas coisas. E esse diagnóstico é feito por um profissional da psiquiatria.
“O transtorno bipolar é uma doença crônica, que precisa do uso de medicação, de terapia e de atividade física associada. E entre os fatores de risco estão o histórico familiar, episódios frequentes de depressão, estresse prolongado e uso de drogas”, relata a psiquiatra.
A médica completa dizendo que pessoas com transtorno bipolar conseguem sim, ter uma vida normal. O mais importante para isso é procurar ajuda, fazer o diagnóstico e um tratamento adequado.
Dia Mundial do Transtorno Bipolar
A data é celebrada em 30 de março, mesmo dia do aniversário do pintor Vincent Van Gogh, que após a sua morte foi diagnosticado como provável portador do transtorno.
O tema também é destaque em filmes e seriados, como no longa O Lado Bom da Vida, que rendeu o Oscar de melhor atriz para Jennifer Lawrence, e Loucura de Amor, romance espanhol em destaque na Netflix. E em séries como Modern Love, onde em um dos episódios da comédia romântica, a atriz Anne Hathaway interpreta uma advogada bipolar que está com dificuldade de achar um parceiro.