“Transtopia” mostra mulheres trans em campo de concentração, no Theatro Municipal de São Paulo

Daniela Funez, Onika Soares, Leonarda Glück, Leona Jhovs, Márcia Dailyn, Fernanda Custódio (em pé), Aretha Sadick, Alice Marcone, Alina Dörzbacher, e Ave Terrena – Foto: Nu Abe

Diversas artistas trans apresentam neste domingo (09), às 18h, a obra cênica “Transtopia”, da dramaturga e diretora Luh Maza, no Theatro Municipal de São Paulo. Ela integra a programação Novos Modernistas e do espetáculo Uma Futuro Sem País”, no encerramento do festival Brasil Cena Aberta. Os ingressos custam R$ 10 na bilheteria e no site Eventim Brasil.

Luh conta que a obra entrou na programação por meio do convite do diretor artístico do Theatro, Hugo Possolo, e que firma a necessidade e importância da representatividade trans. No elenco estão: Alice MarconeAlina DörzbacherAretha SadickAve TerrenaDaniela Funez, Fernanda CustódioLeona JhovsLeonarda GlückMárcia Dailyn e Onika Soares.

Com duração de 10 minutos, a obra conta com composição cênica sem fala e acontece num tempo de distopia, no estilo da canadense cis Margareth Atwood(autora de The Handmaid’s Tale). Nele, mulheres trans e travestis são colocadas em um campo de concentração por um governo totalitário e conservador e que institucionalizou a violência e o ódio. Qualquer reflexão sobre os tempos sombrios atuais referentes à política brasileira não é mera coincidência.

“Como a gente vive com tão reprimida, sem esperança e nessa sensação de estarmos retrocedendo cada vez mais em nossos direitos e conquistas, pensei em trabalhar uma distopia. Qual seria o futuro reservado para nós mulheres trans e travestis se chegássemos ao máximo do moralismo e da perseguição aos nossos corpos dissidentes? Aí construí esse universo, onde as travestis e mulheres trans são mandadas para esses campos de concentração. E mostra como elas conseguem sobreviver nesse espaço”, declara ao NLUCON.

Confinadas sem saber o que acontece no mundo afora, elas convivem em meio a miséria, a melancolia, o processo desumanizador de seus corpos e vidas. Após muitas chorarem, amarem, dançarem e morrerem a espera de um futuro depois do futuro, há uma notícia de mudança. Alguém diz que o fim da guerra ocorreu e que é chegado um novo tempo, com a liberdade reconquistada, o direito garantido e o poder tomado. “E da distopia a gente passa a viver a Transtopia”, declara.

Ao comentar o desafio de trabalhar questões tão profundas em um curto tempo, a diretora diz que se trata de uma experiência dentro do campo simbólico, do imagético, sem falas. “Mostramos que é possível ter esperança, reverter o jogo e tomar posse desse país e dessa terra, que também é nossa”, frisa. A trilha sonora é de Malka, o vídeo de Nu Abe, além da participação especial da cantora Assussena Assussena, que também se apresenta no festival com As Bahias e a Cozinheira Mineira.

Vale dizer que o festival traz diversas outras apresentações e performances a partir das 17h30. Haverá as apresentações “Involuntários da Pátria”, “Catiço”, “Afundação Brasileira” – com participação em vídeo da cartunista Laerte Coutinho. “Uma futuro sem país é um mosaico de obras artísticas que trazem o ponto de vista feminino da história no Brasil e também conta o futuro que tem sido escrito por essas mulheres – cis, trans, intersexuais, não binárias e todas elas”, finaliza Luh.

SERVIÇOS

Theatro Municipal de São Paulo
Praça Ramos de Azevedo, s/n – Sé
Telefone: (11) 3053 2090

Horário de funcionamento da bilheteria:
De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados e domingos, das 10h às 17h.
Em dias de evento a bilheteria permanece aberta até o início.
Bilheteria virtual:
http://www.eventim.com.br

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