Trabalhadores do campo lançam banco e moeda própria

A iniciativa do MTC nasce em Alagoas, o Banco FUNPET tem uma moeda própria para financiar agricultura familiar, combater a fome e diminuir o efeito estufa

Por Ascom MTC.

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Campo (MTC) lança banco e moeda própria. O anúncio foi feito pelo dirigente nacional do Movimento, Adriano Ferreira, na tarde da última sexta-feira (19), no evento de apresentação da 39ª Expo Bacia Leiteira, na cidade de Batalha, Alagoas.

Iniciativa pioneira será operacionalizada por meio do Fundo Nacional de Permanência na Terra (FUNPET), a moeda Caatinga surge após a criação do banco e tem como objetivo combater a pobreza enquanto reduz a emissão de gases do efeito estufa. A moeda vai circular em estabelecimentos dos municípios de Batalha, Jacaré dos Homens, Jaramataia e Major Isidoro, todos localizados no Sertão alagoano.

A moeda “Caatinga é-dinheiro” terá o mesmo valor do real e será aceita em estabelecimentos comerciais locais cadastrados e entrará em operacionalização de moeda impressa durante 39ª Expo Bacia Leiteira que é o maior no segmento de pecuária de leite do Nordeste, entre 14 e 17 de setembro, deste ano.

A moeda será impressa pela Rede Brasileira de Bancos Comunitários, primeiro banco comunitário do Brasil, proporcional ao Banco Central (BC). Com aval do Banco, a rede é coordenada pelo Banco Palma, o primeiro a criar uma moeda comunitária no Brasil. Após o término da Feira, será circulada na versão digital, explica Adriano.

O FUNPET vai aportar recursos na ordem de R$ 100 mil por mês, já captados para garantir o poder de compra no comércio local. O valor irá movimentar a economia local, baseada na agricultura familiar, combatendo a fome. “Moeda social é estratégia para uma economia solidária”, reforça Adriano Ferreira, dirigente nacional do MTC.

Joaquim Melo, presidente da Rede Brasileira de Bancos Comunitários e criador do Banco Palmas, destaca o pioneirismo da iniciativa para a região e seu caráter educativo, servindo, inclusive, como espelho para outros municípios. “Um empreendimento dessa natureza deve despertar o interesse das pessoas, que poderão ser capacitadas pelo próprio FUNPET. Essa iniciativa pode ser multiplicada e resultar na abertura de outros bancos comunitários”, destaca Melo.

O presidente da Rede Brasileira de Bancos Comunitários ainda acrescenta, “a circulação da moeda social oxigena a economia e aumenta as vendas, o que gera empregos e mais qualidade de vida. A cobrança de uma taxa de 2% ao comerciante, toda vez que ele realiza uma operação, é menor do que a cobrada pelos cartões tradicionais. Esse valor vai para o fundo do banco comunitário que terá recursos para investir em crédito produtivo que apoiará os produtores das cooperativas, os microempreendedores individuais, a produção agrícola, entre outros, com juros baixos ou até zero”, explica Joaquim Melo

Origem do FUNPET

Em 2016, o MTC criou um fundo patrimonial com objetivo de promover a inclusão social na agricultura familiar e combater a pobreza. Tendo como primeira ação o Projeto fogão solidário do MTC, um programa de mobilização e implantação de fogões ecológicos em sistema de fundo rotativo, onde a cada duas famílias beneficiadas é feita devolução solidária pelas próprias familiares para implantação de mais um fogão ecológico em outras comunidades, por isso o nome do programa é fogão solidário.

A iniciativa dos trabalhadores e trabalhadoras do MTC foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “Tecnologia Social de Combate à Desertificação” pelo Programa Dryland Champions da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD). O prêmio é concedido às ações que contribuem para o manejo sustentável de terras, que melhoram a qualidade de vida das populações e as condições dos ecossistemas afetados pela desertificação e a seca.

O diretor do Projeto Rural Sustentável Caatinga (PRS) Caatinga, Pedro Leitão, destaca a importância de incentivar iniciativas como a do FUNPET, uma das organizações apoiadas pelo Projeto no desenvolvimento de uma agricultura regenerativa de baixa emissão de carbono na região e no combate à pobreza. “A moeda social Caatinga, em seu formato digital, é pioneira em Alagoas. O fato de ser local, além de fortalecer a economia deste território, vai gerar um sentimento de identidade entre os produtores e produtoras rurais, comerciantes e consumidores, fortalecendo os estabelecimentos, a produção e o comércio local”, reforça.

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