Por volta do meio dia da sexta-feira 17/3, funcionários do Congresso Nacional, em Brasília, relataram que ouviram um barulho muito forte.
“Eu pensei que tivessem jogado uma bomba. Corri para ver o que era”, contou Lera Freire, 52, funcionária terceirizada no Senado.
O causa do barulho foi o impacto do corpo do advogado Adriano de Rezende Naves, 42, no espelho d’água do prédio do Congresso Nacional. Ele caiu do 19º andar e as circunstâncias da sua morte ainda não foram esclarecidas.
A maioria dos veículos da grande mídia não noticiou o caso. Os que divulgaram, o fizeram de maneira tímida.
A polícia investiga se ocorreu um acidente ou suicídio. Segundo a Assessoria da Câmara dos Deputados, a vítima não era servidor nem funcionário terceirizado da Casa. Seria um visitante.
O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) instaurou inquérito para apurar o caso. As imagens das câmeras de segurança serão analisadas para auxiliar nas investigações.
O edifício tem 28 andares e as janelas são parafusadas desde a década de 1990. De acordo com um servidor, que ingressou na Câmara em 1994, naquele ano uma colega se jogou dos andares mais altos do edifício. Como medida de segurança, para evitar novos episódios, a administração da Casa decidiu vedar permanentemente as janelas.
Teorias
Com informações reduzidas sobre o caso e desconfiados pela ausência de cobertura da mídia, internautas começaram a espalhar nas redes sociais teorias sobre a morte de Adriano Naves. Nenhuma das versões foi confirmada pela polícia.
Uma das teorias sugere que o advogado cometeu suicídio após protestar contra Michel Temer e contra a Reforma da Previdência.
“Advogado se suicida no Congresso Nacional em protesto contra Temer”, diz uma manchete que viralizou nas redes sociais, mas que foi descartada pelo delegado Rogério Rezende, responsável pela investigação da morte de Naves.
“O que pode, talvez, ter um pouco de fundo político, é que ele estava desacreditado do país. Ele era inteligente, advogado de alto nível e estava triste com a situação econômica. Mas nada de Michel Temer, nem Dilma, nem nada”, relata o delegado da Polícia Civil do DF.
De acordo com Rezende, a tese mais provável é mesmo a de que o advogado se suicidou, versão que poderá ser confirmada nos próximos dias, quando o Instituto de Criminalística emitir um laudo.
“Já ouvimos familiares, que disseram que ele apresentava quadro depressivo. Tomava remédios controlados e tinha suspendido a medicação por conta própria”, diz.
A polícia ainda não revelou se Adriano Naves deixou alguma carta ou recado.
Outras perguntas
Confira outras questões que foram levantadas nas redes sociais, mas que não chegaram nas mãos dos investigadores:
1. “Se não foi protesto, por que ele resolveu escolher o prédio do Congresso Nacional para se suicidar?”
2. “Por que o caso demorou tanto a aparecer na mídia? Aliás, por que só apareceu na mídia quando divulgaram o vídeo? E se não tivesse vídeo, não tinha caso?”
3. “Por que a mídia se calou diante de um evento que aconteceu no centro político de Brasília?”
4. “Ele pulou de costas e de calças baixas? Se sim, isso não caracteriza suicídio. É sinal de humilhação.”
5. “Por que ninguém cogitou a possibilidade de homicídio?”
6. “Como ele abriu as janelas que seriam vedadas? Como um visitante sai entrando de sala em sala sem ser notado por seguranças?”
Vizinha
Em depoimento enviado ao site Nossa Política, uma ex-vizinha que conviveu alguns anos com o advogado Adriano Naves acredita que ele cometeu suicídio porque estava desiludido com a política brasileira e com a corrupção que assola o país.
Veja o depoimento de Maria de Lourdes:
“O Dr. Adriano foi meu vizinho no Bloco D da SQS 212. Ele era uma pessoa pacata, fechada e na maioria das vezes ficava enclausurado por dias dentro do seu apartamento. A época eu era sindica do prédio. Tive 6 mandatos, por isso, o conheci muito bem. Conversamos por muitas vezes e ele era culto, inteligente e educado. Ele nutria uma profunda admiração pelos americanos e pelas leis daquele País.
O Dr. Adriano era revoltado com a nossa política e com os políticos sórdidos. Ele dizia que era inadmissível aceitar o analfabetismo funcional, pois ele tinha se graduado pela UNB e não tinha tido oportunidades, enquanto outros entravam pelas janelas. Ele dizia a corrupção no nosso país não teria fim. O Dr. Adriano passava por um processo de dificuldades financeiras e eu o acompanhei de perto, por ser sindica e ter disponibilidade de conversar com ele.
No meu ponto de vista, ele cometeu suicídio sim. Estava depressivo, tinha síndrome do pânico e encontrava-se em dificuldades financeiras. É legal trabalhava como autônomo, de dentro do seu apartamento que o fez de escritório e também realizava ajuda nos TCCS de estudantes de direito. Ele vivia de bicos.
Que pena. O Dr. Adriano era bastante revoltado com a corrupção do país. E eu comungo das mesmas ideias”.
VÍDEO:
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Com informações de Metrópoles.
Fonte: Pragmatismo Político.