Sudão e Sudão do Sul acordam zona de paz e exportação petroleira

Addis Abeba, 27 set (Prensa Latina) Os presidentes de Sudão, Omar al-Bashir; e do Sudão do Sul, Salva Kiir, acordaram hoje o estabelecimento de uma zona limítrofe desmilitarizada e o reinício das exportações petroleiras para outros países, suspensas pelo conflito bilateral.

Os chefes de Estado reunidos nessa capital concordaram em criar uma zona desmilitarizada que garanta o distanciamento de seus respectivos exércitos da linha fronteiriça e respalde acordos anteriores de paz, depois de longos meses de choques.

O encontro iniciado neste domingo prosseguiu com as negociações em torno dos lucros do combustível que interessam a ambas as economias e decidiram reativar as vendas do petróleo produzido no Sudão do Sul através dos oleodutos no território do Sudão.

As entradas por essa exportação seguem o acordo anterior assinado nessa mesma capital etíope em julho passado sobre a repartição das entradas, que estabeleceu a entrega à Cartum de 9,48 dólares por cada barril exportado.

A reunião de cúpula entre Al-Bashir e Salva Kiir resume outras três semanas de negociações entre delegações de ambos os países de menor nível, que responderam ao prazo fixado pela ONU para que as partes cheguem a um entendimento sobre esses temas cruciais.

O consenso ao qual se chegou nesta quinta-feira deixa ainda algumas questões pendentes, como a solução sobre a produção de petróleo em cinco regiões situadas ao longo da fronteira e ainda em litígio entre as partes.

A aprovação do acordo de hoje sobre as exportações, junto ao acordo anterior sobre a divisão de lucras, supera, não obstante, passos anteriores como a proposta sudanesa de cobrar 36 dólares por barril e a de Juba de pagar 1,87 dólares por unidade.

Os rendimentos petroleiros são vitais para o Sudão, que ficou sem poços petroleiros quando o Sudão do Sul se separou há um ano e apenas conservou os oleodutos, enquanto para Juba representam ao redor de 95 por cento de sua economia.

O ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki continuou como o principal mediador, em nome da União Africana, para as diferentes rodadas de negociação, junto aos também ex chefes de Estado Pierre Bouyoya, de Burundi, e Abdulsalam Abubakar, da Nigéria.

Fortes combates iniciados em abril passado na fronteira entre tropas sudanesas e sul-sudanesas levaram aos dois países à beira de uma guerra declarada e puseram em perigo a segurança da região.

Cartum empregou disparos de artilharia e tanques e foi acusado por Juba de exceder-se no uso da aviação com bombardeios que mataram dezenas de civis e deslocaram milhares de pessoas nas zonas em conflito.

O Sudão, por sua vez, acusou o Sudão do Sul de ocupar com tropas e tanques regiões petroleiras limítrofes como a de Heglig, ainda objeto de discórdia, e outros territórios onde essas forças permaneceram durante meses.

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