Por Breno Altman.
O parlamentar democrata, por Twitter, demarcou posição contra o governo Maduro, colocando-se ao lado de Juan Guaidó e seus aliados na disputa sobre a chamada “ajuda humanitária”.
Foi prontamente criticado por vários intelectuais e artistas, entre esses Roger Waters.
Não é de se surpreender. Sanders, talvez o principal líder da “nova esquerda” estado-unidense, no passado teve dubiedades em relação à guerra contra o Iraque (2003) e sempre teve vínculos com as alas mais moderadas do sionismo.
Assim como a maior parte da social-democracia europeia, Sanders não é anti-imperialista.
Lembremos que a social-democracia do velho continente, com raras exceções, jamais apoiou as guerras de libertação nacional na Ásia, África ou América Latina.
Os socialistas franceses, por exemplo, apoiaram a burguesia colonialista de seu país no combate contra os movimentos revolucionários do Vietnã e da Argélia.
Sanders representa essa vertente: reformadora, opositora do capital financeiro dentro dos limites do sistema, crítica ao uso da força militar, mas de forma alguma disposta a um compromisso antagônico ao imperialismo.
Claro que Sanders é melhor que Trump e aparentemente que os demais pré-candidatos do Partido Democrata. Trata-se de uma alternativa que força as fronteiras do sistema bipartidário e introduz uma agenda que inclui a ampliação dos direitos da classe trabalhadora.
Mas para por aí. Certamente é um aliado da esquerda anti-imperialista, mas não a representa, sob qualquer hipótese.
Sempre devemos levar em conta que o compromisso contra o imperialismo é a grande linha de corte no movimento operário e socialista dos países da periferia capitalista.
The people of Venezuela are enduring a serious humanitarian crisis. The Maduro government must put the needs of its people first, allow humanitarian aid into the country, and refrain from violence against protesters.
— Bernie Sanders (@SenSanders) February 23, 2019