Por Marcela Cornelli, em direto do Hotel Cambirela, para Desacato.info
Iniciou hoje em Florianópolis o Seminário Região Sul para Política Energética. O evento organizado pelo Sinergia, Senge/PR, Intersul, Sinergia, Intercel e Sindpetro/PR e SC, reunirá hoje e amanhã 400 participantes na capital catarinense entre dirigentes sindicais, trabalhadores e representantes do governos estaduais e federal, diretores de empresas do setor de energia e movimentos sociais. O Seminário é um importante debate sobre o futuro energético do País, com uma perspectiva da classe trabalhadora e dos movimentos sociais organizados, para a construção de um projeto energético popular.
Mario Jorge Maia, Diretor do Sinergia, falou da importância dos trabalhadores do campo e da cidade unirem-se nesta luta e debater a questão energética no Brasil. “Estamos junto com o MAB, MST e Via Campesina. O que queremos? Queremos um modelo energético que atenda a sociedade e respeite o direito dos atingidos. Queremos distribuir uma energia barata, igualitária e para todos e não queremos que os trabalhadores do setor sejam explorados”.
O Presidente da Itaipu, Jorge Miguel Samek, lembrou da importância desta agenda ser retomada pelos movimentos sociais e populares no Brasil e defendeu um projeto popular de energia para o país. Ele disse ainda que para que este projeto possa ser implantando depende, além da pressão dos movimentos, de políticas efetivas a serem defendidas pelos governos que devem ter coragem de implementar o projeto.
Eurides Mescoloto, presidente da Eletrosul, também presente na mesa, disse que tem orgulho do Brasil hoje ter usinas de energias hidrelétricas importantes e ter construído o maior parque eólico da América Latina. “Participamos de processos estruturantes de energia elétrica, estamos fazendo história. A Eletrosul e a Petrobrás defendem um decreto do governo para que, antes de se instalar uma nova usina, os atingidos sejam protegidos e levados em consideração.Por fim, o presidente da Eletrosul disse que a empresa está de “peito aberto” para debater com os trabalhadores um modelo energético popular.
O Presidente da Celesc, Cleverson Siewet, disse que dois pontos fundamentas que devem ser debatidos no Seminário é a segurança no trabalho – os trabalhadores precisam estar devidamente equipados e ter medidas de segurança; e ou outro ponto fundamental é a transparência nas discussões e ações do setor. “É preciso olhar para trás, vivenciar o presente, ver as conquistas, mas repensar os modelos para avançarmos ainda mais”.
“Para vencer os desafios do setor, os trabalhadores são fundamentais neste processo e por isso precisam estar organizados através do movimento sindical, associações. Este evento é um modelo que como se pode debater para avançar”, apontou.
Gabriel Portillo, do Sindicato dos Trabalhadores de UTE/Frente Ampla/Uruguai falou sobre as experiências do seu país, encabeçado pelo presidente Pepe Mujica, buscando avanços no setor. “ Na medida em que a energia não é considerada uma questão de direito, as tarifas são injustas e a disputa por grandes consumidores causa tarifas altíssimas”. Ele contou que hoje, 40 por cento da energia eólica do país é privada, o que preocupa, afeta as tarifas e os usuários. Ele defendeu a união dos países do Sul nesta luta. “Este seminário é fundamental para apontar ações concretas para tornar o setor um setor soberano”.
Gabriel Martinez, da Federação dos Trabalhadores da Energia da República Argentina – FePERA, defendeu que “ a energia é um direito humano e um problema de toda a sociedade. A democratização do setor significa a democratização social”.
Falou sobre a privatização nos anos 90 das empresas do setor na Argentina. “Até hoje o setor não foi recuperado pelo povo e as organizações que lutaram contra este processo ficaram na clandestinidade”.
Defendeu que a luta deve ser de todos os trabalhadores da América Latina e que para isso é preciso a organização dos trabalhadores. “Queremos neste seminário compartilhar experiências e construir políticas para que o povo possa se apropriar das riquezas econômicas e culturais do seu país”.
Robson Formica, do MAB (Movimento dos Atingidos pelas Barragens), argumentou que no Brasil só será possível garantir avanços no setor energético com a ampliação da participação popular, do controle popular e com a distribuição das riquezas. Ele lembrou que a privatização do setor no Brasil trouxe apagões e abuso preços nas tarifas.
Vilmar Osovski da CUT (Central Única dos Trabalhadores) saudou o evento e parabenizou pela luta dos trabalhadores do campo e da cidade. Disse que a CUT é contra a terceirização, problema que atinge seriamente o setor elétrico. “Os trabalhadores são os que produzem e lutam neste país e devem ser respeitado pelas empresas e governos”.