Em entrevista ao Brasil de Fato, o músico baiano fala sobre o BaianaSystem, política e racismo
Russo Passapusso foi alçado ao posto de uma das principais vozes da música brasileira desde que o BaianaSystem surgiu, no começo dessa década. Formada na Bahia, a banda tem arrebatado grandes públicos por onde passa e, desde fevereiro, caminha Brasil afora com o seu novo disco “O Futuro Não Demora”.
Em entrevista para o Brasil de Fato, Russo fala sobre a experiência de fazer música e o aprendizado que o ofício lhe proporciona. “O BaianaSystem é um coração de estudante. Ele nunca vai se comportar, dentro da nossa história, como algo que está pronto. A gente nunca está pronto”, comenta.
O músico fala sobre as transformações de seus álbuns e o processo de amadurecimento da banda ao longo desse processo, ao partirem de uma referência internacional, sobretudo da cultura estadunidense, até chegarem numa “relação de maior identidade enquanto Brasil (…) É um disco que mergulhou mais dentro da música brasileira. Deixamos de colocar os ritmos internacionais à frente da música brasileira”, observa.
Logo ele, que traz em seu batismo o nome Roosevelt, herdado de seu pai e inspirado no presidente que governou os EUA durante as décadas de 1930 a 1940. “Sempre caminhei ouvindo a música norte americana e agora eu volto lá para o zero para tentar refazer a minha história.”
No papo, Russo também fala sobre Salvador, política e racismo: “Quando limparem totalmente as palavras, o dicionário, não vão limpar as atitudes. As atitudes existem e com o olhar eu consigo ser racista. E fere muito”.
Ao falar sobre o atual momento político, Russo ressalta a necessidade de se ter uma paciência histórica com o processo e buscar a unidade entre os povos.
“As transformações estão acontecendo. A gente tem sempre que aprender e ter muita humildade. [Temos que ter] o direito de errar, a gente é humano. Não tem que levantar a cabeça porque está certo, tem que levantar a cabeça porque sabe compreender e voltar atrás de um erro. É assim que a gente vai transformar as coisas, é como conversar com fascista, com racista. A gente tem que transformar, senão a gente vai destruir”, explica o seu modo de pensar.
Em sua profunda relação com a música, Russo diz que, em meio a “essa catástrofe que está acontecendo”, é preciso que as artes consigam trazer para o nosso continente esse abrir fronteiras de quem está do nosso lado. Esse é o atual caminho do BaianaSystem”. Confira:
Edição: Luiz Felipe Albuquerque