Rubem Fonseca, o contista de versos crus, morre aos 94 anos

"Leio os jornais para saber o que eles estão comendo, bebendo, e fazendo. Quero viver muito para ter tempo de matar todos eles"

Por Patricia Faermann.

“Leio os jornais para saber o que eles estão comendo, bebendo, e fazendo. Quero viver muito para ter tempo de matar todos eles”. A frase dá mostras dos versos crus e únicos de José Rubem Fonseca, esta publicada no livro “O Cobrador”, em 1979.

A última publicação do escritor que hoje faleceu, aos 94 anos, foi “Carne Crua”, há dois anos, com 26 contos e poemas. Vinha depois de Calibre 22, de 2017, Histórias Curtas, de 2015, e Amálgama, de 2013. Nem ao completar 85 anos deixou de escrever, lançando em 2011 o seu último romance, “José”.

Além de romancista e contista, também explorava os ensaios e roteiros. Rubem Fonseca, ou Zé Rubem, como era chamado pelos mais próximos, faleceu na tarde de hoje, após sofrer um infarto em seu apartamento no Leblon. Não resistiu ao chegar ao hospital Samaritano.

Além de “O Cobrador”, suas obras são clássicos da literatura brasileira, sendo considerado um dos maiores contistas do final do século XX do país. Da ironia ao policialesco, ou narrativas de violência, não recuava no que queria dizer.

Como “rir é bom, mas pode foder a vida de uma pessoa”, no conto Belos Dentes e Bom Coração, do livro Secreções, Excreções e Desatinos, 2001, ou “a coerência é uma característica vegetal que eu felizmente não possuo”, em A Grande Arte, de 1983, ou “um ladrão é considerado um pouco mais perigoso do que um artista”, em O caso Morel, 1971, o primeiro de seus romances.

E foi também no livro “O Cobrador” que José Rubem Fonseca versou em poema que “a História é feita de gente morta/ e o futuro de gente que vai morrer”. Ao colunista Lauro Jardim, um familiar contou que ao falecer, não sofreu, ele “simplesmente apagou, como um passarinho”.

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