Por Débora Mabaires, para Desacato.info.
Tradução: Tali Feld Gleiser, para Desacato.info. (Port./Esp.)
Em 11 de setembro aconteceu no Parlamento argentino o Primeiro Congresso Nacional de Políticas Indígenas.
Uma multidão de líderes dos povos originários de distintas etnias se reuniu para fazer ouvir suas vozes diante de um dos poderes do Estado.
Reclamavam a plena vigência do artigo 75 que, no seu inciso 17 da Constituição argentina, diz claramente que corresponde ao Congresso nacional:
- Reconhecer a pré-existência étnica e cultural dos povos indígenas argentinos.
- Garantir o respeito a sua identidade e o direito a uma educação bilíngue e intercultural.
- Reconhecer a personalidade jurídica de suas comunidades e a posse e propriedade comunitária das terras que ancestralmente ocupam.
- Regular a entrega de outras terras, aptas e suficientes ao desenvolvimento humano.
Nenhuma destas terras será alienada, transmissível ou suscetível de impostos ou embargos.
Os aborígines do meu país estão batendo na porta dos deputados e senadores para lhes dizer que cumpram com seu trabalho. Só uns poucos compareceram ao salão onde o congresso ocorria. Todos eram brancos.
E embora mostrassem sua melhor vontade para a realização desse evento, e não tem dúvida sobre seu trabalho em relação às necessidades dos povos originários, a verdade é que, culturalmente, os brancos e brancas seguimos monopolizando o espaço. No anseio de contar quais eram as leis que tinham promovido, ou aplaudir os e as que colaboramos de um jeito ou outro na divulgação da problemática indígena, fomos relegando a palavra dos aborígines.
O momento de mais tensão se viveu quase ao final da jornada.
Apenas uns minutos bastaram para que o professor bilíngue da província do Chaco, da etnia Qom, Higinio Canteros, situasse todos os presentes: começou falando na sua língua para mostrar que temos muito que aprender sobre o nosso povo.
Expôs depois, em espanhol, a ausência do Estado nos territórios: sua comunidade tinha construído uma escola de autogestão, sem dinheiro, sem materiais, sem material escolar; apenas com o que tinham ao alcance da mão. Durante meses, as crianças da sua escola só tinham batata para comer.
Quando a raiva virou lágrima, interpelou, olhando para os deputados: “Onde estava o Estado? Onde estava?”
O silêncio foi estrondoso.
Com sua atitude, o professor deu uma lição que os presentes nunca esqueceremos. Com duas perguntas deixou ao descoberto a soberba de um Estado que pretendia ocultar trás palavras bonitas uma realidade dolorosa: o Estado está ausente das comunidades originárias e nos últimos anos, durante a gestão do governo de Mauricio Macri, os aborígines foram perseguidos, judicializados, presos ou assassinados.
A líder social “colla”, Milagro Sala, continua detida com causas judiciais inventadas, onde testemunhas compradas ou torturadas mentiram para deixá-la presa.
Rafael Nahuel Salvo, jovem mapuche, foi assassinado pelas costas em uma caçada desatada pela Prefeitura Naval na cordilheira patagônica.
Ismael Ramírez, menino de 12 anos, foi assassinado por sicários que defendiam um comerciante que roubava a comunidade aborígine wichi na província do Chaco.
Todos eles foram mencionados como claro exemplo do atual estado de situação.
A esperança de uma mudança de governo e a abertura do Congresso para fazer valer os direitos dos povos originários anunciam novos tempos.
Aqueles que tivemos a honra de termos sido premiados pelos representantes dos povos originários, ficamos com a enorme responsabilidade de sermos melhores, mais efetivos e acrescentar nosso compromisso para encontrar soluções.
Tomara que o próximo Congresso Nacional de Políticas Indígenas possa ser uma celebração em que se homenageie os políticos por ter começado um país pluricultural, onde todos tenhamos os mesmos direitos e onde nenhuma criança argentina volte a passar fome.
Com jornalismo e ficção, o Documento Audiovisual NOVEMBRADA – “QUARENTA, Pra Não Esquecer”, vai contar o que viveram e sentiram os moradores de Florianópolis e Região no fato conhecido como Novembrada que, no dia 30 de novembro, completa 40 anos. Saiba mais em https://www.catarse.me/quarenta
Primer Congreso Nacional de Políticas Indígenas y la monopolización del espacio por los blancos en Argentina
Por Débora Mabaires, para Desacato.info.
El día 11 de septiembre se llevó a cabo en el Honorable Congreso de la Nación Argentina el primer Congreso Nacional de Políticas Indígenas.
Una multitud de líderes aborígenes de distintas etnias se reunieron para hacer escuchar sus voces ante uno de los poderes del Estado.
Reclamaban la plena vigencia del artículo 75, que en su inciso 17 de la Constitución Nacional, dice claramente que corresponde al Congreso de la Nación:
Reconocer la preexistencia étnica y cultural de los pueblos indígenas argentinos.
Garantizar el respeto a su identidad y el derecho a una educación bilingüe e intercultural.
Reconocer la personería jurídica de sus comunidades y la posesión y propiedad comunitaria de las tierras que ancestralmente ocupan.
Regular la entrega de otras tierras, aptas y suficientes para el desarrollo humano.
Ninguna de estas tierras será enajenada, transmisible ni susceptible de gravámenes o embargos.
Los aborígenes de mi país, están golpeando la puerta de los diputados y senadores para decirles que cumplan con su trabajo. Sólo un puñado concurrió al salón donde se desarrollaba el Congreso. Todos eran blancos.
Y aunque pusieron la mejor voluntad para llevar a cabo este evento, y no hay dudas de su trabajo respecto de las necesidades de los pueblos originarios, lo cierto es que culturalmente, los blancos seguimos acaparando el espacio. En el afán por contar cuáles eran las leyes que habían promovido, o aplaudir a los que colaboramos de un modo u otro en la difusión de la problemática indígena, fuimos relegando la palabra de los aborígenes.
El momento de más tensión se vivió casi al final de la jornada.
Apenas unos minutos bastaron para que el maestro bilingüe chaqueño, de la etnia Qom, Higinio Canteros, ubicara a todos los presentes: comenzó hablando en su lengua, para mostrar, que tenemos mucho que aprender sobre nuestro pueblo.
Expuso luego en castellano, la ausencia del Estado en los territorios: su comunidad había levantado una escuela de autogestión, sin dinero, sin materiales, sin papelería, apenas con lo que tenían al alcance de la mano. Durante meses, los chicos de su escuela sólo tenían para comer batatas hervidas.
Cuando la bronca se hizo lágrima, interpeló, mirando a los diputados: ¿Dónde estuvo el Estado ahí? ¿Dónde estaba?
El silencio fue atronador.
El maestro con su actitud nos dio a todos los presentes una lección que jamás olvidaremos. Con dos preguntas, había dejado al descubierto la soberbia de un Estado que pretendía ocultar tras bonitas palabras una realidad dolorosa: el Estado está ausente en las comunidades originarias y en los últimos años, durante la gestión del gobierno de Mauricio Macri, los aborígenes fueron perseguidos, judicializados, encarcelados o asesinados.
La líder social coya, Milagro Sala, sigue detenida con causas judiciales inventadas, donde testigos comprados o torturados fueron a mentir para encerrarla.
Rafael Nahuel Salvo, el joven mapuche asesinado por la espalda en una cacería desatada por Prefectura Naval en la cordillera patagónica.
Ismael Ramírez, el niño de 12 años asesinado por sicarios que defendían a un comerciante que robaba a la comunidad aborigen wichi en Chaco.
Todos ellos fueron mencionados como claro ejemplo del actual estado de situación.
La esperanza de un cambio de gobierno, la apertura del Congreso para hacer valer los derechos de los pueblos originarios, anuncian nuevos tiempos.
Aquellos que hemos tenido el honor de haber sido premiados por los representantes de los pueblos originarios, tenemos la enorme responsabilidad de ser mejores, más efectivos y acrecentar nuestro compromiso para encontrar soluciones.
Ojalá el próximo Congreso Nacional de Políticas Indígenas, pueda ser una celebración donde se premie a los políticos por haber puesto en marcha un país pluricultural, donde todos tengamos los mismos derechos y donde ningún niño argentino vuelva a pasar hambre.
Débora Mabaires é cronista e mora em Buenos Aires.
A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.
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