Repudiar o fascismo nas urnas e nas ruas, fortalecer as resistências e preparar-nos para enfrentar os ataques que teremos pela frente

Nota da Direção do Dieese-SC

Em função da dramaticidade dos acontecimentos, e das dificuldades de se fazer análises mais precisas dos cenários econômicos, boa parte da população está depositando quase todas as suas fichas na “magia” das eleições. É como se as eleições, por um processo de encantamento, fossem interromper todos os ataques que os trabalhadores estão sofrendo, e começar imediatamente após o pleito, a reverter a situação de desemprego, queda da renda, e precarização, que acomete boa parte da população.

Para essa interpretação da conjuntura, um presidente eleito “todo poderoso”, do campo progressista, irá resgatar a CLT, devolver o Pré-sal ao povo brasileiro, recuperar a Petrobrás, revogar a Emenda 95, reestruturar as políticas sociais do governo e interromper as negociações para entregar as reservas do Aquífero Guarani. Tudo isso de forma rápida, e mágica, devolvendo a alegria ao povo, surrupiada pelo golpe de 2016. A história mostra que, em política, sempre se prefere o caminho mais fácil. Para  as pessoas que estão vivendo uma espécie de pesadelo no Brasil, seria muito mais fácil mudar a realidade através do simples ato de se dirigir às urnas e votar.

Conforme se sabe – e os últimos anos têm mostrado isso com muita clareza – o caminho da mobilização, da luta, de remar contra a correnteza, é muito duro, muito difícil. É muito mais confortável ir votar do que participar de infindáveis manifestações, reuniões do sindicato, passeatas, as quais também não têm nenhuma garantia de que irão resolver os problemas no curto ou médio prazos. Porém, o fato é que a visão romântica, que prevê um final feliz sem muita luta, não se sustenta quando se analisa os acontecimentos de forma mais fria.

A gravidade da situação, tanto no Brasil, quanto na vizinhança latino-americana, exige muito mais cautela e senso de realidade. Os trabalhadores brasileiros vêm apanhando como nunca nos últimos anos, decorrência direta do golpe, que foi perpetrado para retirar direitos, entregar riquezas, e o que restou da soberania nacional. É muita ingenuidade imaginar que esta operação continental, extremamente complexa e perigosa, será abandonada simplesmente em função de um suposto respeito ao desejo popular nas eleições. Este seria um enredo que destoaria do que aconteceu no Brasil nos últimos anos. O processo eleitoral está muito sob controle dos estrategistas do golpe, que tentam conduzir para os resultados que desejam, intento para o qual contam com muitos recursos (aparato legal, grande mídia, instituições).

Além disso, por mais róseo que seja o resultado eleitoral para os trabalhadores (hipótese muito improvável), o presidente vai precisar governar. Quem garante que, eleito um presidente que queira desfazer o estrago que fizeram em dois anos, não irão repetir o roteiro que implementaram a partir do resultado eleitoral de 2014? Tudo indica que, passado o processo eleitoral, irão tentar aprofundar as medidas do golpe, terminando o “serviço” que ainda está incompleto (destruição da Previdência Social, privatização da Eletrobrás, dos Correios, Banco do Brasil e CEF, etc.). Dos candidatos que concorrem ao segundo turno das eleições, quem certamente faria o “serviço” é Jair Bolsonaro, conforme tem anunciado aos quatro ventos o candidato, e seu possível ministro da Economia, Paulo Guedes. Este último já afirmou que irão aplicar o programa de Temer, só que com muito maior velocidade.

Por isso a hora é de denunciar e fazer campanha contra Jair Bolsonaro, candidato fascista, antipovo e antiBrasil, a serviço de potências estrangeiras. Mas não devemos achar que a eleição irá resolver a crise brasileira. Independentemente do resultado eleitoral, a crise e o ataque aos direitos irão continuar. Será fundamental o reforço da mobilização sindical, o debate permanente com os trabalhadores, as campanhas de sindicalização e o permanente trabalho de base. São essas ações e políticas que podem melhorar a correlação de forças em qualquer conjuntura. É hora de fortalecer as trincheiras, dobrar a resistência e nos prepararmos para os inevitáveis ataques que teremos pela frente.

Direção Sindical do DIEESE em Santa Catarina: 

  • Ivo Castanheira /Federação dos Trabalhadores no Comércio de SC (FECESC)/CUT
  • Moacir José Effting /Sindicato dos trabalhadores da indústria gráfica da comunicação gráfica e dos serviços gráficos de Blumenau e Região / Nova Central de Trabalhadores de Santa Catarina /NCST – SC
  • Carlos Magno    da   Silva    Bernardo   /    Federação   dos   Trabalhadores    em Estabelecimentos de Ensino do Estado de Santa Catarina (FETEESC). UGT
  • Jorge Luiz Putsch / Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Brusque (SINTIMMMEB)
  • Manassés Bittencourt de Andrade / Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano de Florianópolis (SINTRATURB)
  • Jorge Godinho da Silva / Federação dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade do Estado de Santa Catarina (FETRATUH) / CTB
  • Jânio Silva / Federação dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde de Santa Catarina (FETESSESC)/ CUT
  • Landivo Fischer / Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina (FETIESC)

Florianópolis, 17 de outubro de 2018

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