Rap, hip hop, negros e mulheres: Final do Lollapalooza vira escracho a Bolsonaro

Emicida, Criolo, Drik Barbosa, Mano Brown, Ice Blue, Rael, Bivolt, Djonga, BNegão e Marcelo D2, com o Planet Hemp, fizeram do encerramento do festival um ato público contra o autoritarismo do fascista que governa o Brasil

Encerramento do festival Lollapalooza. Foto: Twitter/Reprodução

Por Henrique Rodrigues.

Com a alteração da programação original do último dia do festival Lollapalooza, por conta da morte de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, ocorrida na sexta-feira (25), na Colômbia, já que a banda norte-americana encerraria o evento, um grande encontro dos principais rappers brasileiros tomou o palco principal ultrailuminado montado no autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. Diante da autoritária decisão do ministro Raul Araújo, do TSE, de impor censura às manifestações políticas no Lolla, a pedido do aparato jurídico de Jair Bolsonaro, a noite acabou de se tornando um pesadelo para o líder de extrema direita, que foi escrachado.

Emicida, anfitrião do encontro, chegou protestando contra o presidente radical e não se intimidou com o cerco do TSE. “Pode multar, vai… Pode multar!”. Drik Barbosa mandou o papo reto em seus versos e soltou “vocês matam em nome de Deus, bando de Bolsonaro”, enquanto Rael, Bivolt e Djonga compartilharam o palco simultaneamente com rimas que levaram o público ao delírio, sempre com teor crítico contra o ocupante do Palácio do Planalto.

Mano Brown Ice Blue, duas lendas dos Racionais MC’s, cantaram Mil Faces de um Homem Leal (Marighella), numa clara provocação ao presidente obcecado pela esquerda paranoico com um anticomunismo mofado e démodé.

Por fim, Marcelo D2 e o Planet Hemp chegaram tornando ainda mais explícito o protesto contra Jair Bolsonaro. O veterano cantor de hip hop não deixou barato e chamou Bolsonaro de “filho da puta”. Logo que colocou os pés no palco, já exortou a plateia a atacar o governante ultrarreacionário com o já clássico “ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”.

“Hoje, ele não! Hoje ele não vai fazer narrativa! Hoje é sobre amor, hoje é sobre Taylor, hoje é sobre Chorão, hoje aqui é sobre Chico Science, hoje é sobre Sabotage. Hoje ele não! Hoje não! A gente é que vai fazer a narrativa hoje e a gente vai falar de amor, porque é isso que vai salvar a gente. Hoje a gente vai falar do que a gente quiser, amigo… O mundo é nosso! O mundo é deles, mas é nosso também!”, disse D2, para explosão da multidão.

Após cantar Dig Dig Dig (Hempa) e Fazendo Sua Cabeça, o líder do Planet Hemp não ligou nada para a decisão do TSE sobre a suposta “campanha eleitoral antecipada” e conduziu a plateia num coro de “Olê, olê, olê, olá… Lula, Lula!”. Ele aproveitou ainda para mandar um recado indireto às falanges fascistizadas que apoiam Bolsonaro. “A gente tem que derrotar os milicianos, começando lá pelo Rio de Janeiro”, falou.

No fim, Mantenha o Respeito, o ex-libris da lendária banda dos anos 90 sacudiu o público num transe fantástico, com a participação de Emicida e Rael, enquanto rodas-punk se formavam à frente do palco e se escutavam os últimos protestos contra Jair Bolsonaro, a figura “homenageada” da noite, numa demonstração de que a classe artística e os jovens não se renderão aos rompantes ditatorias do limítrofe ex-capitão do Exército que pensa ser dono do Brasil.

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