Querem fazer você acreditar que é culpadA. Por Jaine Fidler Rodrigues.

É fundamental que cada mulher olhe para o seu feminino, compreenda a relação com suas ancestrais, busque curar feridas e assim, se libertar dos ciclos de violência

Por Jaine Fidler Rodrigues, para Desacato.info. 

A manchete diz “Jovem denuncia ter sido estuprada por três homens em Chapecó”. No movimento comunicacional gerado pela informação, encontram-se afirmações que refletem padrões patriarcais, machistas e religiosos. Principalmente, padrões familiares. Afinal, atitudes e pensamentos foram repassados por várias gerações, a cada novo filho ou filha gerado. 

Ainda bem, que as novas gerações estão aqui para quebrar estes ciclos de violência, julgamento e vulgarização. De modo que seja possível, ressignificar sentidos de nossa sociedade. Transformá-la em mais sensível, compreensiva e sábia. Considerando o princípio de que cada indivíduo é responsável por sua existência e isto não prevê o direito de interferência.

“A sociedade está perdida, mas ainda há tempo”, diria Crioulo.

Captura de tela

Sim, sabemos que são passos pequenos e lentos, mas, importante é não parar. Então vamos lá, falar novamente sobre seres que acreditam ter o direito de tentar entender situações de violência alheias. Enquanto uma mulher relata que foi até a casa de um amigo da irmã e cunhado, foi possivelmente dopada, estuprada por três homens, os seres (que se declaram humanos), afirmam que por ela ter 26 anos já deveria saber que não se deve dormir na casa de estranhos e até mesmo não devia exagerar na bebida. Engraçado! Primeiro, são pessoas que não estavam lá presentes, não sabem o que ela viveu, não sabem porque ela passou por isto. Muito menos, tem dimensão do dano emocional, psicológico e à saúde do ventre desta mulher.

Captura de tela.
Captura de tela.
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Sim, ela aceitou ir para este lugar e consumir bebidas alcoólicas. É, sim, responsabilidade dela. Mas a questão é, homens achar que podem tratar o corpo de uma mulher como objeto, ou então como um animal, que serve somente para procriar. O sexo ficou tão banalizado, se perderam tanto no desejo da carne e esqueceram do poder da energia que estão mexendo.

Se esquecem, que vivências como está refletem no coletivo. Pois, um acontecimento se soma à  outro, mais outro e tantos.

Mas ao invés de existir sensibilização com essas situações, trabalhar a empatia e ter a consciência de que cada ser é responsável por lidar e compreender suas vivências, por mais dolorosas e absurdas que sejam, preferem julgar? Estimular a mulher a se sentir culpada, até que ela entre numa zona de vitimismo, autossabotagem? Não é desta maneira que se arrancam estas raízes profundas do machismo, patriarcalismo e conservadorismo.

É coerente também destacar, normalmente mulheres como esta jovem, já viveram outros tipos de violência em outros momentos, na fase da infância, adolescência, por exemplo. E, ainda tem suas ancestrais, também violentadas. É uma grande dimensão para ser compreendida antes de julgar.

Chamado às mulheres!

Olhem para o seu feminino, compreendam a relação com suas ancestrais, busquem curar suas feridas e discernir os ciclos de violência de suas vidas. Por que você está vivendo isto? O que é necessário aprender? Vai além de denunciar e responsabilizar os autores da violência. Fique tranquila, todos serão punidos. Todos colhem o que plantam, isto é física quântica. Mas, somente cada mulher pode lidar com suas dores e se libertar de qualquer tipo de violência.

Nisto, auxiliar na cura das ancestrais e contribuir com a transformação de nossa sociedade. Para se tornar mais equilibrada, humana e harmoniosa.

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