Por Jaine Fidler Rodrigues, Desacato.info.
Em Chapecó, no Sítio Cultural Nossa Maloca, sob a luz da noite, junto dos elementais da natureza, acontecem diferentes experiências artísticas-culturais onde segundo José Boita, produtor cultural da Lua Caolha Filmes, “o teto do nosso cinema, que é construído coletivamente, são as estrelas e a lua”. É neste lugar, que de acordo com a artista Josiane Geroldi “a gente cria um lugar-comum”.
Neste lugar, iniciou no dia 12 de dezembro de 2022, 10 sessões do Cine Indi Roça, promovido pela Lua Caolha Filmes e a Cinelo Chapeco. Sendo que, a próxima exibição ocorre no próximo domingo (26).
A ideia de realizar o Cine no Nossa Maloca, parte da falta de espaço em meios massivos de comunicação para exibir os filmes locais, então, criou – se este espaço alternativo. Segundo o produtor cultural, desde o ano passado, “tem sido uma boa oportunidade para o público conhecer e conversar com os cineastas sobre as produções e temáticas das obras”.
Além da valorização cultural local, a comunicação estimula a consciência dos seres presentes em torno dos temas abordados em cada filme.
“Já discutimos, por exemplo, entre público e especialistas de outras áreas, que não necessariamente o cinema, sobre cultura como direito do cidadão, violências físicas e psíquicas enfrentadas por mulheres agricultoras e personagens históricos importantes na construção de uma Chapecó mais justa e diversa”, explica.
Para Josiane, estes momentos são suspiros da realidade vivenciada por nós. “É nestes momentos de escuta que o “eu” se reconhece no outro. Assim, se amplia a possibilidade de desenvolvimento de minha empatia e respeito” destaca.
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Os filmes em cartaz no domingo (26), são:
- Hipopótamo (2019): Bento está prestes a se mudar da cidade de onde nasceu. A viagem para o novo país é o seu maior sonho desde a faculdade, mas há um passado que o faz resistir ao adeus. Ao menos, fazia. Direção: Taulan Cesco.
- Adormecer (2019): Liliane passa por problemas com os quais não sabe lidar. Apesar de ter a mãe e amigos por perto, ela se sente sozinha e desolada. Após um ato desesperado, as pessoas próximas percebem a necessidade de ajudar a jovem. Direção: Juliano Backer
- Perda (2019): Luísa vive um momento de luto pela mãe recém falecida. Enquanto organiza os pertences dela, Luísa recebe uma ligação da própria mãe. Direção: Laís Teixeira
- Alucinação (2021): Uma jovem psicologicamente instável se perde em seus pensamentos após relembrar um trauma da sua infância. Direção: Maria Luiza Matos e Tayara Paula
- Você Pode Ficar (2022): Lucas, um personagem psicologicamente instável, vive uma relação difícil com sua avó, e conta apenas com o apoio e ajuda de Arthur, seu melhor amigo, o qual traz a luz de volta para a sua vida. Direção: Wagner Winter
Saúde mental
Para o debate deste final de semana, tendo em vista que o assunto em pauta é saúde mental, estará presente a psicóloga, Alice Souto e ao ser questionada sobre quais às dimensões envolvidas quando se trata de saúde mental, no atual contexto, salientou:
“Me parece que todos os filmes que serão apresentados no Cine Indi este domingo abordam em maior ou menor grau o tema da importância dos vínculos afetivos e da rede de apoio para a saúde mental. Esta vem a ser uma questão cada vez mais importante na atualidade, considerando os efeitos da pandemia do COVID-19 na saúde mental, que agravou ainda mais a situação, afetando a rotina das pessoas e aumentando o estresse e a ansiedade”.
Segundo Alice, os seres que constituem está rede de acolhimento são amigos, familiares, profissionais de saúde mental, grupos de apoio, entre outros. Neste espaço, encontra-se suporte emocional, ouvidos atentos e companhia para sair da solidão.
“Outro aspecto importante da rede de apoio é o acesso a recursos e serviços de saúde mental. Muitas vezes, as pessoas podem ter dificuldade em buscar ajuda profissional sozinhas, e a rede de apoio pode ajudá-las nesse processo. Além disso, a rede de apoio pode ajudar a conscientizar sobre a importância da saúde mental e combater o estigma em torno dos transtornos mentais”, complementa.
O projeto foi contemplado no Prêmio Catarinense de Cinema 2021, da Fundação Catarinense de Cultura e ao final das exibições irá render um podcast.