“Propor a não-obrigatoriedade do passaporte vacinal só contribui para prolongar a pandemia de Covid-19”

Médico do Trabalho e Sanitarista Roberto Ruiz critica os negacionistas e sugere que vacinação contra o coronavírus teria que ser obrigatória

O médico do trabalho e médico sanitarista, Roberto Ruiz, critica com veemência o Projeto de Lei 10/2022 apresentado pelo vereador Jeferson Cardoso (PSL), que está em tramitação na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, e que proíbe a exigência da apresentação do chamado passaporte vacinal contra a Covid-19, para acesso a estabelecimentos públicos e privados. “Trata-se de um desserviço para a saúde pública, porque reforça o negacionismo de quem é contra a vacina. Acho que o vereador poderia utilizar o tempo dele para fazer algo útil para o povo. Será que o município de Jaraguá do Sul é perfeito, que não tem nada para o vereador fazer, além de prejudicar a campanha de vacinação?”, indaga Roberto Ruiz que, inclusive, é da opinião de que a vacinação contra a Covid-19 deva ser obrigatória.

Projetos semelhantes a esse, com o mesmo teor, já são debatidos em várias Câmaras de Vereadores, no Estado. Em Joinville, por exemplo, já passou em comissões e será debatido em plenário nos próximos dias. Médico sanitarista, com mestrado em Saúde Pública na Unicamp e na UFSC, Roberto Ruiz cita um estudo recente feito nos Estados Unidos, constatando que estão morrendo muitos republicanos, da linha do ex-presidente Donald Trump, que são negacionistas e não se vacinam. “No Brasil até isso é esquisito, porque essa turma é anti-vacina para os outros, mas se vacinou (é o caso, inclusive, do vereador Jeferson Cardoso, que tomou duas doses do imunizante). “Esse projeto não tem base científica, não tem base humanitária, é um desamor pelo próximo. Se abrirmos mão de alguns mecanismos que fazem ampliar a vacinação, como o passaporte vacinal, tecnicamente isso só contribui para prolongar a pandemia”, atesta.

Defesa da NR-36

A UITA (União Internacional dos Trabalhadores de Alimentação) acaba de lançar uma campanha internacional para combater qualquer alteração na NR-36, a Norma Regulamentadora da saúde e segurança dos trabalhadores em frigoríficos. Consultor da UITA para a América Latina, Roberto Ruiz comenta que mais de seis mil pessoas já aderiram à campanha, e que mais de quatro mil são da Europa, que consome a carne brasileira, mas quer consumir a carne feita com trabalho decente. “Se o governo Bolsonaro e o empresariado do frigorífico conseguir rebaixar esses direitos contidos na NR 36, como pausas, instituição de cadeiras, altura de móveis, etc, não tenho dúvida de que teremos uma tragédia de trabalhadores lesionados com LER Dort (tendinite, bursite, problemas de coluna), doenças que ainda temos, mas que depois da NR 36 diminuíram bastante”. Roberto lembra que o Ministério Público do Trabalho entrou com medida cautelar para suspender a tramitação desse projeto no Brasil e a justiça concedeu

A entrevista completa do jornalista, Sérgio Homrich, você pode assistir desde o começo clicando no vídeo abaixo:

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