Procuradora diz que resolveu divulgar vídeo após agressor ser libertado pela polícia: “Eu, a vítima, estava presa”

"Recebi socos na cabeça, por pouco não desmaiei. Achei que fosse apanhar até morrer", diz Gabriela Monteiro. Demétrius Macedo, o agressor, está preso e responde por tentativa de feminicídio triplamente qualificado.

Demétrius Oliveira Macedo e Gabriela Samadello Monteiro de Barros. Foto: Reprodução

Por Plínio Teodoro, Revista Fórum.

Agredida covardemente por Demétrius Oliveira de Macedo, colega de trabalho na Procuradoria municipal de Registro, no interior de São Paulo, Gabriela Samadello Monteiro de Barros afirmou que resolveu divulgar o vídeo das agressões ao saber que o procurador havia sido liberado pelo delegado da cidade.

“Levado à delegacia, prestou depoimento e foi liberado. Sabendo que ele estava solto por aí, me tranquei em casa, apavorada. Coloquei uma madeira na porta para impedir que a arrombasse. A situação me revoltou. Eu, a vítima, estava presa, em pânico dentro de casa, enquanto ele, o agressor, ficava livre. Era inaceitável. Por isso decidi tornar público o vídeo da surra, feito por um colega, apesar da vergonha que a exposição me traz”, disse em relato à revista Veja.

Demétrius foi preso preventivamente dias depois das agressões após decisão judicial. No dia do espancamento, o procurador alegou em depoimento à polícia civil que era vítima de “assédio moral” e foi liberado pelo delegado Fernando Carvalho Gregório que diz que entendeu que “não havia uma situação de flagrante, e sim um fato criminoso”.

Em seu relato, Gabriela detalha a “fúria” de Demétrius e diz que pensou que apanharia até morrer.

“Recebi socos na cabeça, por pouco não desmaiei. Achei que fosse apanhar até morrer. Uma colega felizmente conseguiu contê-lo e outra me puxou para uma sala, passando a chave. Chamamos a polícia, que enfim o deteve”, relatou.

A procuradora diz ainda que espera que o agressor, preso por tentativa de feminicídio triplamente qualificada, seja “exemplarmente punido”.

“Em pleno século XXI, ainda persiste, sim, uma cultura machista em que as mulheres não podem estar no comando. E, se estão, correm o risco de ser alvo de barbárie e voltar para casa como eu, com o olho roxo, cheia de hematomas pelo corpo, um corte na cabeça e muita dor, física e psicológica”, conclui.

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