Primeiro-ministro da Romênia renuncia após incêndio em boate e protesto de 20 mil pessoas

Victor Ponta, que permanecerá no cargo até formação de novo governo, afirmou que espera que sua renúncia ‘satisfaça os pedidos dos manifestantes’

O primeiro-ministro da Romênia, Victor Ponta, anunciou nesta quarta-feira (04/11) a sua renúncia ao cargo. A decisão ocorreu após pressão popular por conta de um incêndio em uma boate em Bucareste, capital do país, deixar 32 mortos e quase 200 feridos na última sexta-feira (30/10). Na noite de terça-feira, mais de 20 mil manifestantes foram às ruas e pediram a saída de Ponta do governo.

“Renuncio a meu mandato como primeiro-ministro e, implicitamente, ao governo da Romênia”, declarou Victor Ponta em entrevista coletiva na sede do governo. “Espero que renunciar ao meu mandato e ao governo satisfaça os pedidos dos manifestantes”. Ele, que disse reconhecer as queixas que existem no país, afirmou que permanecerá no cargo até um novo governo ser formado.

Em meio a denúncias de corrupção, Ponta está sendo julgado por lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Ele vinha enfrentando nos últimos dias pressão do presidente do país, o opositor Klaus Iohannis, para que deixasse o cargo. Iohannis publicou em sua página no Facebook que “alguém precisa assumir a responsabilidade política” pela tragédia que matou 32 pessoas.

Iohannis, que derrotou Ponta nas eleições presidenciais em novembro de 2014, deverá agora nomear um novo primeiro-ministro, que ficará encarregado de formar um novo governo. Caso a tentativa falhe, novas eleições legislativas deverão ser convocadas. O calendário eleitoral do país previa um pleito para dezembro de 2016.

O líder do partido governista PSD (Partido Social-Democrata), Liviu Dragnea, afirmou que o partido se reunirá ainda nesta quarta-feira para decidir quem irá sugerir como substituto de Ponta.

Cromañón

O caso da boate em Bucareste lembrou outro semelhante que ocorreu em dezembro de 2004, em Buenos Aires. O incêndio na casa de shows Cromañón se tornou a pior tragédia não natural da história da Argentina, com 194 mortos e 1.500 feridos. Investigações do caso apontaram um grande esquema de corrupção em que os donos das boates pagavam propinas a policiais e fiscais para garantir o funcionamento dos estabelecimentos mesmo sem as garantias de segurança. Na Romênia, os três donos da boate Colectiv, que também não seguia normas de segurança, são acusados de homicídio culposo, em que não há intenção de matar.

Assim como no caso romeno, a pressão popular que se seguiu ao incêndio em Cromañón derrubou um político do alto escalão: o então chefe de governo de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, foi destituído em março de 2006, após seis anos à frente da administração da capital argentina.

Imagem: EFE

Fonte: Ópera Mundi

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.