Por Rodrigo Kiko Bungus Ferreira. *
Alertado por amigos que viram uma publicação em um blog da cidade sobre um plantio de mudas que seria feito no Parque de Coqueiros, em Florianópolis, hoje de manhã, eu, na qualidade de Biólogo e presidente da Associação de Moradores do Bairro, fiquei curioso pra ver essa ação, uma vez que pra nós da associação de moradores conseguirmos fazer uma ação dessas precisamos de todo um trâmite burocrático que vai da autorização escrita da FLORAM e conseguir mudas junto a ela, até autorização da própria administração do parque.
Pois bem, lá no parque eu procurei o responsável técnico da FUNDAGRO (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentável do Estado de Santa Catarina) que apesar do nome pomposo e com mote sustentável já tinha me deixado extremamente preocupado por eu ter observado algumas aberrações e discrepâncias na ação deles.
Primeiramente eu vi algumas mudas de Aroeira vivas e brotadas, embora com as pontas um pouco ressecadas arrancadas e ao lado delas novas aroeiras plantadas, o que era um absurdo. Um pouco mais adiante vi pés de Palmito Juçara plantados em uma área extremamente aberta e insolada, quando se sabe que esta espécie é de ambiente sombreado e úmido e não pro ambiente onde foram plantados.
Pra piorar, o pessoal da FUNDAGRO estacionou sua caminhonetona sobre a grama e foram incapazes de deixar o carro no estacionamento e se deslocarem a pé pelo parque, o que convenhamos, não é um comportamento nada sustentável, além de demonstrar desrespeito pela integridade do parque.
Diante disso fui questionar o responsável pela ação e saber se essa fundação era bancada pela iniciativa privada ou com dinheiro público, e fui informado que era bancada pelos 2, pois tinham projetos que as administrações públicas bancavam com o dinheiro do erário por serem de interesse, digamos, coletivo. Hummmmmm…… Mas como ele salientou, tudo devidamente aprovado pelo Ministério Público. Infelizmente o MP não tem pessoal com conhecimento técnico pra reconhecer problemas, principalmente nessa área de sustentabilidade e ações ambientais, mas sejamos crédulos então, embora nós tenhamos ficado bem curiosos em relação as demais ações dessa fundação.
Por fim, questionei a Engenheira Ambiental responsável sobre o porque de terem retirados mudas sadias de uma espécie pra substituir por outra da mesma espécie, e culparam a administração do parque já que foram os funcionários do parque que fizeram todas as covas.
Questionei também o plantio dos palmiteiros em área imprópria e fui informado que eles irão monitorar as mudas e refazer o plantio caso alguma morra.
Bom, espero que essa ação que eles fizeram com todo um cinematográfico aparato midiático não tenha saído do erário, uma vez que nós da comunidade faríamos algo muito maior, melhor e de forma espontânea e voluntária, de preferência com a FLORAM não sendo tão criteriosa e burocrática conosco.
* Rodrigo Kiko Bungus Ferreira, Presidente da Associação dos Moradores de Coqueiros, é manezinho nascido na Carlos Corrêa em 1968, morador da Rua Bento Góia em Coqueiros, Florianópolis, no tempo que o bairro tinha muito mais ruas de chão do que pavimentadas, muito mais áreas verdes do que construídas e as águas das baías eram limpas. Biólogo formado em 98 na UFSC, surfista há 34 anos, fabricante de pranchas de surf há 26 anos, viajante desde 94, ambientalista, fotógrafo e empresário do ramo da gastronomia. Luto por tudo que amo, e tenho a total certeza de que a educação, a conscientização e os bons exemplos são os melhores caminhos pra fazer um mundo melhor pra todos.
—
Fonte: Viva Coqueiros.