Na Oceania, na Europa e nas Américas, o pensador brasileiro Paulo Freire é reconhecido e estudado. Pesquisadores estrangeiros ouvidos pelo Brasil de Fato reconhecem que o filósofo nascido em Recife em setembro de 1921 é autor de uma obra essencial nas ciências humanas.
De acordo com levantamento de Elliot Green, professor da London School of Economics, o livro “Pedagogia do Oprimido”, publicado por Freire em 1968, é o terceiro livro mais citado das ciências humanas. O ranking feito com dados do Google Scholar coloca o livro do pensador brasileiro à frente de obras de autores como Michel Focault, John Rawls e Pierre Bourdieu.
Freire também foi professor convidado na Universidade de Harvard, ganhou dezenas de títulos de doutor Honoris Causa ao redor do planeta e recebeu honrarias como o Prêmio de Educação para a Paz, da UNESCO.
“Freire publicou sua teoria dialógica em 1968, antes de [Jürgen] Habermas apresentar sua teoria da ação comunicativa, em 1981. Paulo é o precursor da orientação dialógica, que cada vez mais encontra [espaço] não apenas nas ciências humanas atuais, mas também em todas as ciências”, avalia o professor catedrático de Sociologia da Universidade de Barcelona (UB) Ramón Flecha.
O professor da UB também destaca que utilizou as contribuições intelectuais do pensador brasileiro como um dos métodos de avaliação do programa europeu de investigação científica.
Pesquisador de Freire desde a década de 1980, o professor Peter Roberts, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, é autor de livros e artigos sobre a obra do pensador pernambucano. Roberts escreveu o capítulo sobre Paulo Freire da Enciclopédia da Educação da Universidade de Oxford.
“Freire teve um impacto significativo em meu próprio trabalho. Seus livros desempenharam um papel fundamental na formação de minha compreensão da ética e da política da educação, e seus princípios pedagógicos tiveram uma influência importante em meu ensino em ambientes universitários. Freire enfatizou a necessidade de humildade, abertura, tolerância, rigor, diálogo e compromisso em nosso trabalho como educadores. Esses ideais permanecem tão relevantes como sempre foram”, afirmou Roberts ao Brasil de Fato.
Professor da Universidade McMaster, no Canadá, Henry A. Giroux escreveu livros com Freire e foi incluído pela editora Routledge em outro livro sobre os 50 pensadores mais importantes da Educação no século XX. Para Giroux, Freire “é um dos educadores críticos mais importantes do século XXI.”
“Em uma época em que a Educação está ameaçada em todo o mundo, Paulo me ensinou que a Educação como força moral, política e social era mais importante do que nunca na luta contínua por uma democracia radical”, diz o professor da Universidade McMaster.