PPP para a construção de casas populares não é certeza de moradia para quem precisa

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Por Bruno Pavan. Uma semana depois da violenta reintegração de posse ocorrida na Avenida São João, onde mais de 200 famílias que ocupavam um prédio abandonado foram expulsas do local pela tropa de Choque, o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo (SP) assinaram, nesta última quinta-feira (25/09), uma parceria público privada (PPP) para a construção de 20 mil moradias no centro expandido da capital. 

Maria das Graças Xavier, coordenadora da União Nacional por Moradia Popular, critica o acordo que ela julga ser mais “um projeto visando a eleição”. Ela lembra que há cerca de um ano o Governo do Estado firmou um acordo com os movimentos de moradia prometendo a construção de 10 mil casas populares e que ele ainda não saiu do papel. 

“Nós sempre salientamos que é importante avançar nessa questão ouvindo as reivindicações dos movimentos, no sistema de autogestão. […] O governo nos cobrou uma proposta que foi feita e levada até a CDHU, mas até agora nós não obtivemos nenhuma resposta. De repente, a três semanas da eleição aparece essa parceria?”, criticou.

O projeto custará, ao todo, R$ 4,6 bilhões: R$ 2,6 sairão da iniciativa privada, R$ 1,6 do Governo do Estado, R$ 404 milhões da Prefeitura de São Paulo, além de recursos do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. As moradias serão construídas em locais abandonados ou mal aproveitados no entorno das estações de trem ou de metrô na região central. O acordo prevê que 12 das 20 mil habitações previstas na PPP sejam destinadas às famílias com renda de até cinco salários mínimos e o restante para famílias com renda mensal de até dez salários mínimos. Será contemplado quem tem trabalho fixo no centro da cidade.

A coordenadora da União Nacional por Moradia ainda critica o fato da iniciativa só oferecer moradia no centro da cidade. Para ela, ainda não está claro quem de fato serão os beneficiados por essa parceria como ela está sendo feita hoje. “Como essas casas serão repassadas aos movimentos? Como as famílias com renda de zero a três salários mínimos vão estar contempladas nesse programa? Os imóveis no centro das cidades têm um valor muito maior do que nas periferias. Nós duvidamos muito que essa parceria atenderá de fato as famílias que precisam”, finalizou.

Foto: Reprodução/Brasil de Fato

Fonte: Brasil de Fato

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