Por Rádio França Internacional – RFI
Milhares de eleitores portugueses começaram a votar neste domingo (17) para as eleições presidenciais de 24 de janeiro. Com um número recorde de inscritos, as autoridades eleitorais anteciparam a votação por causa da pandemia do coronavírus, com o objetivo de evitar uma forte afluência na data do primeiro turno. No entanto, desde cedo, filas extensas se formaram diante das seções eleitorais em Lisboa.
Três dias depois de iniciar seu segundo lockdown, Portugal se vê às voltas com filas e pontos de aglomeração provocados pela eleição presidencial. Em Lisboa, pouco depois da abertura das seções eleitorais, filas se formaram em frente aos prédios do campus universitário. Os eleitores usavam máscaras e tentavam respeitar uma distância de cerca de um metro uns dos outros.
Quase 247 mil eleitores se cadastraram para votar antecipadamente, contra pouco mais de 56 mil eleitores nas eleições legislativas e europeias de 2019, segundo dados divulgados pelo Ministério do Interior. Este tipo de voto antecipado já existe há vários anos no país, mas nestas eleições essa possibilidade foi ampliada devido à pandemia.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tomou várias medidas para garantir a segurança do voto em mobilidade. Os doentes com a Covid-19 ou pessoas em isolamento profilático puderam solicitar o voto a domicílio, assim como idosos em casas de repouso. As inscrições aconteceram de 10 a 14 de janeiro, e o interesse dos portugueses foi quase cinco vezes superior ao das eleições passadas.
Paciente com Covid-19 vota em casa
Nos dias 19 e 20 de janeiro, equipes constituídas por representantes dos presidentes da Câmara de cada município irão se deslocar até a casa dos eleitores cadastrados. A única exigência é que o endereço do votante seja o mesmo do registrado como paciente da Covid-19 na Direção-Geral de Saúde. Delegados das siglas dos sete candidatos que disputam a presidência podem acompanhar essas equipes móveis para se certificar de que não haverá fraudes. As pessoas que tiverem se cadastrado e por algum motivo não votarem como pretendiam, poderão exercer o seu direito no dia 24.
Apesar de as autoridades eleitorais terem distribuído a todos os municípios cerca de 120 toneladas de material de proteção, incluindo máscaras, luvas, viseiras e gel alcoólico, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o governo do primeiro-ministro António Costa foram criticados nos últimos dias por não terem adiado a votação, principalmente diante do aumento de infecções e da crescente pressão sobre os hospitais.
Com 10.947 novos casos da Covid-19 e 166 mortes em 24 horas, de acordo com o balanço divulgado no sábado (16), Portugal, um país com pouco mais de dez milhões de habitantes, voltou a bater novos recordes de contaminações e óbitos.
As pesquisas preveem a reeleição de Rebelo de Sousa no primeiro turno. Em Portugal, o presidente da República é eleito por sufrágio universal para um mandato de cinco anos, renovável uma vez. Ele não tem poder executivo, mas desempenha um importante papel em caso de crise política. Ele pode dissolver a Assembleia para convocar eleições antecipadas em situações excepcionais.
(Com agências)