Definido como uma conversa poética, beba poesia volume II é o quinto livro de Cláudio Schuster, para quem “romper os limites da realidade também é um caminho para transformá-la”. O lançamento é da editora Mondrongo
Por Linete Martins.
“Um livro pontuado com paixão e exclamado com desejo”. Assim o premiado jornalista e escritor Mário Magalhães descreve o livro beba poesia volume II, do também jornalista e escritor Cláudio Schuster, com lançamento marcado para o próximo dia 8 de agosto, a partir das 19h30, no Tralharia Antique Café Bar, em Florianópolis. A publicação é da editora baiana Mondrongo. No dia 10, o livro será lançado na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, onde o autor participa de uma conversa sobre Poesia & Transformação, ao lado da escritora Rira Santana.
Nascido em Pelotas (RS), em 1962, Cláudio Schuster vive na capital catarinense desde 1986, onde publicou crime perfeito (publicação do autor – 1994), risco (publicação do autor – 1997), bluz (editora Blocos – 1999) e beba poesia (editora Insular – 2016), coletânea com poesias dos livros anteriores e outras novas. Em pouco mais de 90 páginas, beba poesia volume II traz poemas inéditos e alguns publicados apenas nas redes sociais.
No prefácio, o autor de Marighella – o guerrilheiro que incendiou o mundo (prêmio Jabuti de 2013 como melhor biografia) cita os versos de Cláudio Schuster (“pra não perder o encanto/ utopia/ pra tudo e mais um tanto/ poesia”) para lembrar que “a utopia é poética; a poesia, utópica”. Mário Magalhães, que acaba de lançar Sobre lutas e lágrimas – uma biografia de 2018, lembra ainda que Cláudio Schuster “veio ao mundo arteiro e artista. Hoje parteja versos. De primeira. Porque, como ensina um deles, ‘a sanidade cansa’. Ao contrário deste beba poesia, que dá vontade de mais e mais talagadas, ou volumes. Bebamos, pois. Tim-tim”.
O editor da Mondrongo, Gustavo Felicíssimo, conta que se interessou em publicar a poesia de Cláudio Schuster “pelo seu cariz aforismático e sentencioso, reflexivo e filosófico, servindo tanto ao particular quanto ao universal. Uma poesia nascida da síntese mais profunda, em que o autor busca dizer apenas o indispensável, nem mais nem menos, mas a medida justa para alcançar o máximo de significados”. Também escritor, Felicíssimo vê em beba poesia volume II uma “extra dose de lirismo que dialoga com Leminski e Millôr”. E aconselha: “leia devagar, livre e aberto para o amplo espectro de significados e significações que a poesia de Cláudio Schuster irradia”.
Para o autor de beba poesia volume II, o livro é como uma conversa numa mesa de bar, na areia, em frente ao mar, ou em qualquer outro lugar que a imaginação permita. Uma conversa poética em que lembra histórias, inventa outras, delira, provoca, fala de tantos ao falar de si, com palavras e versos que devem ser degustados com calma. “Minha utopia é que, quanto mais embriagados de poesia, quanto mais nos deixarmos levar pelos sentidos para além da realidade, mais veremos que a vida pode ser muito diferente daquilo que nos impõem. Romper os limites da realidade também é um caminho para transformá-la”.
Alguns poemas
de real me disfarço
mas sou sonho
de carne e osso
se tudo é ilusão
não me acorde
no fim da sessão
bebo um tango
num trago só
canto a milonga
longa caminhada
me perco de vista
me visto de estrada
sou um lugar
que nunca vou
alcançar
tenho esta mata
de silêncios
e animais que nem conheço
tenho um rio
que não da pé
e um céu que nunca alcanço
tenho cá comigo
que quero ter contigo
um indecifrável universo
que não caiba num deus
mas caiba numa rede
onde adormeça
ao mais leve balanço
um café
e tudo parece
melhor
cafuné
com pão
no pé
da ilusão
diante de tanta merda
de hoje de sempre
converso aqui sozinho
com meus versos
e eles me dizem
que não se importam
em ser realistas
revolucionários
apaixonados
simbólicos
surrealistas
concretos
nem belos
precisam ser
meus versos
me dizem
nesse dia de chuva fina
sobre a terra
a as folhas
que apenas
gostariam de ter
esse cheirinho bom
solidão
tão pampa ser
quanto sertão
beba poesia volume II na internet
Twitter:@bebapoesia
Instagram: claudioschuster
Foto de capa: Alexandre Salles