Por Luiz Lomba.
Juan Grabois, assessor do papa Francisco, foi impedido de se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba ontem, segunda-feira (11).
“Saio triste por não poder cumprir a missão que me trouxe aqui. Vim trazer uma mensagem do papa ao presidente Lula, mas lamentavelmente servidores públicos decidiram impedir o encontro”, lamentou Grabois, que é consultor do Conselho de Justiça e Paz da Santa Sé.
Grabois faria uma visita espiritual ao ex-presidente, que tem acontecido às segundas-feiras, mas foi barrado pela polícia. Ele deixou na recepção da PF um rosário doado pelo papa a Lula.
O veto policial à visita a Lula é, por si só, uma manifestação da deterioração da democracia brasileira, avaliou o assessor do papa Francisco. “Estamos claramente diante de uma prisão política e impedir essa visita é bastante revelador”, disse.
Grabois relatou que deixou um bilhete escrito à mão junto com o rosário. “Lamento não poder dialogar com pessoa tão querida pelo povo latino-americano”, afirmou. Para ele, a proibição da visita teve motivações políticas e não jurídicas.
“Já tive a missão de visitar presos em situações similar em outros locais e nunca me deparei com uma negativa como a de hoje”, contou Grabois. “Me vou triste, mas com esperança de que haverá o tempo em que a justiça virá e tudo será esclarecido”, completou.
Grabois alertou para a ameaça à democracia na América Latina atina. “Temos uma nova Operação Condor, que antes era feita com armas e tortura, e hoje, com o Judiciário e os meios de comunicação, mantendo a aparência democrática”, disse, referindo-se à ação conjunta das ditaduras pela repressão política às esquerdas latinoamericanas na década de 1970.