Por Moisés Mendes.
Encerra-se nesta segunda-feira, depois de duas semanas, a clausura de Bolsonaro como infectado pela Covid-19. Amanhã, ele pode voltar ao normal, ou não.
Se voltar ao normal, Bolsonaro terá de retornar ao cercado do Alvorada, não como personagem passivo, como foi ontem, mas como o sujeito impositivo, gritão e autoritário. É o que a claque do cercado espera dele.
Bolsonaro deve mandar recados ao Supremo de que agora vai mesmo chutar o pau da barraca. Se voltar ao cercado para fazer número com caixinha de cloroquina, não será Bolsonaro.
Se não tiver se encolhido ainda mais durante o tempo de recolhimento, quando sentiu que se fechava o cerco em torno dos filhos, Bolsonaro terá de encarar o STF como vinha encarando.
Deve se comportar como quando mandava emissários para falar com Alexandre de Moraes para pedir trégua e, ao mesmo tempo, gritava alto e ameaçava o STF.
Bolsonaro deve voltar amanhã e arranjar um jeito de blefar com o golpe. O Bolsonaro normal deve fazer referência de novo, em algum momento, ao artigo 142 da Constituição e defender o poder moderador das Forças Armadas.
Deve ainda programar já um sobrevoo de helicóptero (de preferência na aeronave de guerra, com camuflagem) na Esplanada dos Ministérios sobre as cabeças dos manifestantes fascistas que defendem o fechamento do Supremo e a volta ditadura.
Se for o Bolsonaro normal, terá de reaparecer ali com algum ministro militar, como fez várias vezes. Deve sobrevoar a região, descer, abraçar e apertar as mãos dos golpistas. Sem máscara.
O Bolsonaro em plena normalidade terá de voltar atacando prefeitos e governadores pela gestão das medidas restritivas contra a pandemia.
Se a covid-19 não mudou sua postura agressiva, Bolsonaro precisa agredir a imprensa, principalmente a Globo e a Folha.
Que Bolsonaro não apareça com a conversa mole do vermífugo. Ninguém, nem o bolsonarismo e muito menos seus adversários, têm o menor interesse num Bolsonaro cordial.
O novo normal de Bolsonaro não pode nos privar de vê-lo defendendo os garotos, as fake news, as armas, as milícias, o amigo Queiroz, os desmatadores da Amazônia, os grileiros.
Que não se encolha ainda mais. Já na terça-feira, Bolsonaro precisa mostrar que está curado do acovardamento que o infectou depois da prisão de Queiroz.
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