Patrões não apresentam proposta de reajuste do Piso Salarial Estadual para o ano de 2019

    Via: Sérgio Homrich.

    A primeira rodada de negociação visando a definição do percentual de reajuste do Piso Salarial Estadual para 2019 ficou resumida a análises de conjuntura por ambas as partes, sem a apresentação da contraproposta patronal. A rodada aconteceu na tarde de 10 de dezembro na federação patronal, em Florianópolis, e o único ponto em comum nas avaliações foi o cenário atual do país, marcado pela maior depressão da sua história. O lado patronal insistiu que o desafio é o combate à corrupção. Pelo lado dos trabalhadores, o combate é contra a política de austeridade neoliberal que trouxe o estrangulamento da organização sindical e a redução salarial para a classe trabalhadora e que não deu certo em nenhum país do mundo. Nova rodada de negociação está agendada para as 14 horas do dia 15 de janeiro de 2019.

    “Há uma disparidade nos efeitos da crise: enquanto um lado chora, o outro vende lenço”, ilustrou o economista do Dieese na Subseção da Fecesc, Maurício Mulinari, argumentando que os patrões têm todas as possibilidades de conceder ganho real para o Piso Estadual. “Nesse ano, o PIB (Produto Interno Bruto) de Santa Catarina cresceu em todos os setores, embora lentamente, e as empresas de capital aberto obtiveram lucros e dividendos recordes, mas não houve repasse para os trabalhadores”. Na avaliação do economista do Dieese “é preciso dar um basta à política de austeridade, que faz a juventude perder perspectiva de vida digna”. Mulinari  reforça a reivindicação dos representantes dos trabalhadores catarinenses para que o Piso Salarial Estadual seja reajustado com base nos valores praticados no Paraná.

    O supervisor técnico do Dieese, José Álvaro Cardoso, foi na mesma linha de raciocínio ao citar os recentes protestos contra a política de austeridade na Argentina e França. O economista lembrou que este é o nono processo negocial do Piso entre patrões e trabalhadores, em Santa Catarina e que existem aspectos que sinalizam para o ganho real: “Os valores estão ao nível da sobrevivência, basicamente, negociamos a alimentação dos trabalhadores”, ponderou José Álvaro,  citando como referência o Salário Mínimo do Dieese, parâmetro para suprir as necessidades básicas do trabalhador e que deveria ser, hoje, de R$ 3.960,00. “Este valor é três vezes mais do que a maior faixa salarial do Piso Estadual”, disse.

    O diretor sindical do Dieese/SC, Ivo Castanheira, tem expectativa positiva em relação à negociação, mas manifestou preocupação quanto ao novo governador, eleito em outubro próximo, já que “os governos anteriores conheciam bem o processo de negociação do Piso, tendo apenas a prerrogativa de encaminhar para a Assembleia Legislativa o acordo formalizado entre trabalhadores e empresários”. Ao final do encontro ficou definido que será solicitada audiência com o futuro governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, para explicar como funciona a negociação pelo reajuste do Piso Estadual.

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