Para ministro, ação de big techs fere soberania e ‘reforça a necessidade de regulação’

Paulo Pimenta alerta para os riscos do conluio entre as empresas de tecnologia: “é um momento de muita gravidade”

“No meu ponto de vista, há a necessidade de uma regulação", disse Pimenta
“No meu ponto de vista, há a necessidade de uma regulação”, disse Pimenta – Foto: Fabricio Carbonel

Redação, Brasil de Fato. 

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, criticou as recentes ações das empresas de tecnologia, as big techs, que estariam favorecendo em seus sistemas de busca, conteúdos críticos ao PL 2630, conhecido como PL das Fake News.

“No meu ponto de vista, há a necessidade de uma regulação, não é possível que o país fique refém. Neste momento, eles estão defendendo isso para preservar seu interesse econômico, mas eles podem usar essa máquina para decidir qualquer questão, inclusive para influenciar o processo democrático e soberano de qualquer país”, afirmou Pimenta, em transmissão ao vivo, em seu canal no Youtube, na última segunda-feira (1), com a participação do secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous, que também criticou as big techs.

“Há seríssimos indícios de abuso de poder econômicos. Aparentemente, essas empresas estão usando todo seu poderio econômico para desqualificar e pressionar os parlamentares, alegando que esse PL significa censura. Isto enseja, efetivamente, um processo administrativo sancionador. A equipe da Secretaria Nacional do Consumidor já está mobilizada, pois o interesse público se impõem”, finalizou Damous.

O Ministério Público Federal de São Paulo (MP-SP) notificou na última segunda-feira (1) o Google e a Meta, empresa que controla o Facebook, Instagram e Whatsapp, sobre possíveis ações orquestradas em suas plataformas contra o PL 2630.

O Google exibiu durante o dia 1º de maio, abaixo da caixa de buscas, a mensagem “o PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”. O texto tinha um link que levava o usuário a um blog com críticas ao projeto de lei.

“Jogo sujo”Durante o ato das centrais sindicais em São Paulo, em respeito ao Dia Internacional dos Trabalhadores, o relator do PL 2630, o deputado Orlando Silva (PcdoB-SP) também criticou o conluio das empresas de tecnologia.

“Nós tivemos, em paralelo, uma ação suja das big techs. Eu nunca vi tanta sujeira numa disputa política. Por que o Google, por exemplo, usa a sua força majoritária no mercado para ampliar o alcance das posições de quem é contra o projeto e diminuir o alcance de quem é favorável”, afirmou Silva, que criticou o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que tem insistido em desinformar sobre o projeto de lei, o chamando de “PL da Censura.”

“Um homem que veio do Ministério Público, que tem formação jurídica, ele sabe que isso é impossível. Mas por que ele opta por fazer isso? É parte desse jogo sujo. E quem deu a ideia para ele foram essas empresas que estão em um trabalho de sabotagem”, encerrou.

A ofensiva das big techs parece ter posto em dúvida a aprovação do PL. A votação, inicialmente marcada para esta terça (2), pode ser adiada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, dada a pressão exercida pelas multinacionais sobre parlamentares.

O comentarista político do UOL Josias de Souza disse que a movimentação das empresas ao lado do bolsonarismo demonstra que a proposta é acertada.

“Estamos diante de uma aliança curiosa: os interesses econômicos das big techs se aliaram às conveniências políticas do bolsonarismo para torpedear o PL das Fake News. Há suspeitas de que o Google esteja usando suas ferramentas para impulsionar sua opinião e silenciar a voz alheia. Isso tudo é parte de um jogo sujo, que mostra que esse projeto caminha na linha correta.”

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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