Créditos: Foto: Divulgação
por Marcelo Hailer
Com a atual tensão entre a Rússia e os EUA, a imprensa, estrangeira ou nacional, busca construir a imagem de Vladimir Putin como um “tirano” de um país distante e gélido. O fato, é que pouco se sabe sobre o líder russo e, em geral, o que é propagado sobre sua figura vem carregado de ideologia.
Dessa maneira, o documentário “Entrevistas com Putin”, dirigido pelo cineasta Oliver Stone, busca apresentar Vladimir Putin ao Ocidente, pelo menos é dessa maneira que Stone inicia a série que possui 4 capítulos.
Desvendando Putin
Para quem está acostumado com a imagem do presidente da Rússia, Vladimir Putin, construída pela imprensa tradicional do Ocidente, o documentário “Entrevistas com Putin” pode causar estranheza nos primeiros momentos, pois, acompanhamos uma espécie de bate papo entre o Stone e Putin.
O trabalho de Oliver Stone é provavelmente o mais revelador sobre a figura de Putin e isso fica claro logo nos primeiros minutos quando o diretor brinca e diz as filmagens serão feitas “sem regras” e o líder russo agradece sorrindo.
Oliver Stone não está interessado em fazer julgamento, o seu objetivo é conversar com o presidente russo sobre os vários temas que circundam a sua figura: homossexualidade, a relação com os EUA, espionagem, Jon Snowden, os seus tempos de agente da KGB…
Globalização e geopolítica
A narrativa construída por Oliver Stone deixa claro que a União Soviética é história e que hoje a Rússia é um país que vive sob o regime capitalista e privatizações, tema explorado pelo diretor.
Mas, antes de Putin de se tornar a figura que conhecemos, ele foi jovem e Oliver Stone então constrói uma persona que vivenciou dilemas assim com qualquer outro jovem. Assim, acompanhamos Putin relatando a sua adolescência problemática até ser salvo pelo judô, como ele relata.
O trabalho de Oliver Stone também apresenta um outro Vladimir Putin com uma análise densa sobre globalização e geopolítica.
Ao longo da conversa, Stone e Putin discorrem sobre os conflitos na Síria, Estado Islâmico e o papel dos EUA na fomentação desses conflitos.
Perseguição às LGBT
Mas se engana quem pensa que Oliver Stone não pressiona o presidente russo sobre alguns assuntos que acompanham de maneira negativa a figura de Putin, entre eles, a perseguição estatal às LGBT.
Em determinado momento, quando Putin se vangloria de políticas destinadas à juventude, Oliver Stone aproveita a deixa e questiona Putin sobre a Lei da Propaganda, que não permite conteúdos LGBT para menores de idade e, na prática, também vetou as trocas de afetos entre homossexuais e a Parada LGBT, pois, ambas são consideradas “propaganda”.
“Existe uma lei que proíbe propagandas de cunho homossexual entre menores. O objetivo desta lei é dar às crianças a chance de crescer sem impactos na consciência. Depois de crescer, podem tomar qualquer decisão sobre como vão organizar suas vidas, incluindo a sexual. E quando se tornam adultos aos 18 anos, não há restrições”, tenta justificar Putin.
Com mais de três horas de duração, o trabalho de Oliver Stone apresenta muitas facetas de Vladimir Putin e nos ajuda a compreender um pouco mais como pensa o líder russo.
